Após interromper por três anos as obras de um empreendimento de exploração de potássio no rio Colorado, na província argentina de Mendoza, num episódio que gerou conflito com a então presidente Cristina Kirchner, a Vale tenta reativar o projeto. Para isso, planeja reduzir a unidade em mais de dois terços.
Enquanto a capacidade de produção projetada inicialmente para a mina era de 4,3 milhões de toneladas por ano, o novo plano prevê 1,3 milhão de toneladas.
Com uma unidade menor, a empresa espera conseguir captar recursos para retomar as obras. Aproximadamente US$ 2,6 bilhões (R$ 9 bilhões na cotação atual) já foram injetados no local.
O projeto –o maior empreendimento privado à época na Argentina– tinha um orçamento de US$ 6 bilhões. Estima-se que, para concluir a construção no novo formato, seria necessário algo entre US$ 1 bilhão e US$ 1,5 bilhão.
A Vale informou, por meio de nota, que "um modelo reduzido facilitaria a atração de investidores".
Entre as alterações necessárias estaria o cancelamento da construção de uma linha férrea –uma produção menor poderia ser transportada por caminhões.
A companhia, que confirmou estar estudando esse projeto, já colocou à venda parte do material que havia adquirido para as obras da ferrovia.
Quando o empreendimento foi paralisado, no início de 2013, reuniões foram realizadas entre as presidentes Cristina Kirchner e Dilma Rousseff para tentar reverter a decisão da Vale.
Para o Brasil, o projeto também era interessante, pois garantiria a compra do produto, que é matéria-prima para fertilizantes, dentro do Mercosul.
A companhia, porém, argumentou que, com o aumento dos custos, a obra deixava de ser viável. Também pesaram na decisão o recuo do preço do potássio, a crise econômica que a Argentina enfrentava, a criação pelo governo kirchnerista de um imposto para exportações e a sobrevalorização do peso.
O abandono do projeto foi custoso para a empresa brasileira, que, por um momento, foi proibida pela Justiça argentina de demitir seus funcionários.
Um acordo foi fechado e a Vale pagou 2,5 salários líquidos para 4.900 trabalhadores.