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    Crédito encolhe no primeiro trimestre pela primeira vez em 16 anos

    EDUARDO CUCOLO
    DE BRASÍLIA

    28/04/2016 11h43

    A desaceleração do mercado de crédito se aprofundou no primeiro trimestre de 2016, período em que o estoque de empréstimos encolheu 1,8%. Segundo o Banco Central, desde 2000 não se via retração neste período em relação ao trimestre anterior.

    Os dados do BC divulgados nesta quinta-feira (28) mostram que a taxa de expansão do estoque em 12 meses caiu praticamente pela metade nesses três meses, de 6,7% até dezembro para 3,3% até março.

    Na comparação com o PIB (Produto Interno Bruto), o estoque passou de um recorde de 54,5% no final do ano passado para 53,1% em março.

    O chefe do Departamento Econômico do BC, Tulio Maciel, afirmou que os números mostram uma desaceleração mais pronunciada do crédito e refletem tanto a queda na demanda como a oferta mais restrita.

    Crédito do sistema financeiro - Estoque de empréstimos

    Maciel listou uma série de fatores que levaram a isso, como a retração da atividade econômica, eventos não econômicos (questão política e Lava Jato) que alimentam incertezas e um nível de confiança baixo tanto de consumidores como de empresários, além do aumento no custo do crédito.

    Para o BC, que nesta quarta-feira (27) manteve a taxa básica de juros em 14,25% ao ano, a reação do mercado de crédito passa pela recuperação da confiança. "Na medida em que a gente for observando isso, reflexos sobre o mercado de crédito também serão observados", afirmou.

    Maciel disse, no entanto, que essa reação deverá ser moderada. "O crédito cresceu de forma muito significativa ao longo de mais de dez anos, 30% em 2008, 20% em 2010. É natural que a gente não observe essas taxas novamente."

    A estimativa atual do BC é um crescimento de 5% no estoque de crédito em 2016.

    Atualmente, só os bancos públicos estão próximos desse ritmo, com expansão de 7% do estoque em 12 meses. No trimestre, o crédito nas instituições estatais encolheu 0,7%.

    Nos bancos privados nacionais, o crédito encolheu 2,8% no trimestre e 2,6% em 12 meses. Nos estrangeiros que atuam no país, caiu 4,2% no trimestre, mas cresceu 2,2% em 12 meses.

    Sobre a inadimplência, o Maciel afirmou que o indicador continuará a crescer nos próximos meses, mas em ritmo lento.

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