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    Petróleo caminha para maior alta mensal em sete anos

    ANJIL RAVAL
    DO 'FINANCIAL TIMES'

    29/04/2016 17h07

    O petróleo está a caminho de sua maior alta mensal em sete anos, estimulado pelo dólar fraco e pelo declínio da produção dos Estados Unidos, que ajudou a aliviar as preocupações quanto a um excedente persistente na produção.

    O petróleo cru Brent, o padrão internacional do mercado, avançou em mais de 22% em abril, e está mais de 70% acima da marca mais baixa atingida em janeiro. O referencial do mercado dos Estados Unidos, o West Texas Intermediate (WTI), registrou avanço semelhante este mês.

    A recuperação nos preços surge no momento em que os investidores se posicionam para o maior declínio em 25 anos na oferta de petróleo por parte dos países que não integram a Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep) e para o que esperam venha a ser um mercado mais equilibrado, nos meses finais do ano.

    "Os novos picos anuais foram o tema predominante esta semana", disse Tamas Varga, da corretora petroleira PVM, de Londres. "A marcha incansável de alta continua".

    Na sexta-feira, o contrato de petróleo Brent para junho na Bolsa Intercontinental (ICE) mostrou alta de 17 centavos de dólar, para US$ 48,31, enquanto o contrato do WTI para junho na Bolsa Mercantil de Nova York (Nymex) subia em 37 centavos de dólar, para US$ 46,43. Os dois mercados de petróleo mostram hoje suas marcas mais altas desde novembro, com alta de mais de 70% ante as cotações recorde de queda, as mais baixas em 13 anos, atingidas no começo deste ano.

    Esse desempenho poderoso foi propelido em parte por sinais de declínio na produção dos Estados Unidos e enfraquecimento do dólar, o que torna o petróleo e outras commodities com preços denominados em dólares mais baratos para os operadores que detenham outras moedas. Isso ajudou a compensar as más notícias.

    "O excedente continuado de oferta e os estoques recorde de petróleo cru nos Estados Unidos estão sendo ignorados", disse Carsten Fritsch, analista do Commerzbank.

    Muitos analistas e empresas de pesquisa de mercado antecipam que o mercado do petróleo reencontre o equilíbrio ainda este ano, com alinhamento entre oferta e procura. Paralisações de produção em países como a Venezuela, que enfrentam problemas de caixa, ajudarão a sustentar os preços.

    Mas houve quem alertasse que o movimento dos preços em 2016 seguiria a mesma trajetória do ano passado, quando um pico em maio foi seguido por uma queda acentuada. No mínimo, os potenciais avanços nos preços encontrariam limites.

    "A mais recente recuperação nos preços do petróleo prolongará o excesso de produção e retardará ainda mais a retomada do equilíbrio no mercado", disse Norbert Ruecker, diretor de pesquisa de commodities no banco Julius Baer.

    A produção de petróleo dos Estados Unidos está se sustentando, contrariando as expectativas, disse Ruecker, que acrescentou que "a probabilidade de baixa nos preços é maior que a de alta".

    Ao mesmo tempo, os estoques de petróleo cru dos Estados Unidos atingiram novo recorde esta semana, e os operadores apontam que existem largos volumes de petróleo cru não vendido que vêm sendo mantidos à bordo de petroleiros em alto mar.

    Depois que negociações em Doha não resultaram em acordo para congelar a produção, a alta iminente na produção de países membros da Opep como a Arábia Saudita e o Irã pode derrubar a melhora no desempenho dos preços vista esta semana.

    "A retomada planejada na produção dos Emirados Árabes Unidos (EAU) e da Nigéria, combinada à aceleração continuada no Irã, pode resultar em que a produção da Opep exceda nossas suposições para o terceiro trimestre", disseram analistas do Deutsche Bank.

    Tradução de PAULO MIGLIACCI

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