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    Recuperação do Brasil deve demorar, diz secretária de Comércio dos EUA

    MARCELO NINIO
    DE WASHINGTON

    03/05/2016 18h04

    A crise no Brasil é um exemplo dos danos que a corrupção pode causar a um país, afirmou a secretária de Comércio dos EUA, Penny Pritzker.

    Para ela, a volta da estabilidade será lenta. "É uma situação muito desafiadora. O Brasil é um país extremamente importante para a região, mas a sensação é que levará tempo para virar a página", disse Pritzker em conferência do Conselho das Américas realizada na sede do Departamento de Estado.

    "Estamos vendo as implicações que a corrupção pode ter para um país em tão pouco tempo. É desestabilizador".

    Ao falar dos movimentos e parcerias comerciais na região, ela disse que o Mercosul está no lado protecionista e fechado, em contraste com países que estão se abrindo com novas iniciativas. Segundo ela, há poucas oportunidades de interagir com os países do bloco.

    "Há duas visões concorrentes. Uma é a da abertura econômica", disse ela dando como exemplo a Parceria Transpacífico (acordo comercial entre EUA e outros 11 países) e o novo governo argentino. "A outra é uma postura mais protecionista, isso se reflete no Mercosul", disse.

    Se o momento é de apreensão com o Brasil, é de otimismo em relação à Argentina, disse Pritzker. Ela ressaltou o "simbolismo" da viagem do presidente Barack Obama nos primeiros cem dias de Mauricio Macri na presidência e elogiou o compromisso de seu governo com a retomada da economia, citando o controle dos gastos federais, a unificação da taxa de câmbio e os cortes nos subsídios à eletricidade como ações positivas.

    "Eles tem o potencial de desempenhar um papel de liderança, especialmente num momento em que alguns dos vizinhos estão tendo muitos problemas. O que o presidente Macri fez é admirável. Nós estabelecemos um diálogo regular entre EUA e Argentina", afirmou a secretária.

    "Certamente do ponto de vista comercial nosso compromisso é com os países que estão abraçando uma postura mais aberta. Com aqueles que escolheram uma atitude mais protecionista não há muitas oportunidades para fazer mais".

    A secretária de Comércio americana também fez uma alusão crítica ao magnata Donald Trump, que lidera a corrida presidencial republicana com ataques constantes aos acordos comerciais assinados pelos EUA.

    "O comércio é um imperativo. Não podemos dizer que vamos erguer cercas ao redor do país e achar que isso é suficiente", disse. "O isolamento nunca funcionou na história e vai funcionar menos ainda num mundo em que todos estão conectados".

    A conferência foi aberta com um discurso da Rpberta Jacobson, secretária-assistente do Departamento de Estado americano. Ela fez comentários sobre vários países, como Argentina Chile e México, mas nada disse sobre o Brasil.

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