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    Bolsa recua 1,7% com incerteza política e cautela externa; dólar oscila pouco

    EULINA OLIVEIRA
    DE SÃO PAULO

    05/05/2016 12h38

    Pedro Ladeira - 16.abr.2016/Folhapress
    BRASILIA, DF, BRASIL, 16-04-2016, 14h00: Sessão de votação do impeachment da presidente Dilma Rousseff na câmara dos deputados. O presidente da câmara dep. Eduardo Cunha (PMDB-RJ) preside a sessão. (Foto: Pedro Ladeira/Folhapress, PODER)
    Eduardo Cunha durante a sessão de votação do impeachment da presidente Dilma Rousseff

    O mercado financeiro reage com cautela ao afastamento, nesta quinta-feira (5), do presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), determinado pelo ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Teori Zavascki.

    Investidores e analistas avaliam as implicações da medida para um eventual governo sob o comando do atual vice-presidente Michel Temer. Também preocupam as dificuldades que Temer estaria enfrentando para montar um governo pró-mercado.

    As incertezas políticas, somadas às preocupações em relação ao crescimento global, levam o Ibovespa a operar em baixa. O dólar oscila perto da estabilidade, em mais uma sessão sem atuação do Banco Central no mercado de câmbio.

    Os índices acionários globais mostram pequenas variações, apesar da alta do petróleo, digerindo dados mostrando desaceleração do setor de serviços na China e aumento do número de pedidos de auxílio-desemprego acima do esperado nos EUA.

    O Ibovespa operava há pouco em baixa de 1,70%, aos 51.657,44 pontos.

    "As reações de investidores ainda se encontram longe de um consenso, pois ao mesmo tempo em que pode parecer 'positiva' a saída de Cunha, também pode complicar a aprovação de medidas econômicas em eventual governo Temer", afirma a equipe de análise da corretora H.Commcor, em boletim.

    Já os analistas da Lerosa Investimentos destacam as incertezas em torno de um eventual governo Temer. "A fala de Temer mencionando que não poderá executar o corte de ministérios inicialmente projetado, e a especulação em torno de um ministério não tão 'notável' assim, incutiu cautela aos investidores, ao sinalizar que a barganha por cargos no governo pode indicar dificuldades para futuras aprovações no Congresso."

    Um operador do mercado comenta que, em meio às incertezas, os investidores também aproveitam para realizar os ganhos obtidos recentemente.

    No setor financeiro, Itaú Unibanco PN perdia 1,23%; Bradesco PN, -2,00%; Banco do Brasil ON, -0,90%; Santander unit, -0,81%; e BM&FBovespa ON, -0,83%.

    As ações PNA da Vale recuavam 5,35%, enquanto as ON caíam 6,20%, ainda repercutindo a ação do MPF (Ministério Público Federal) que pede reparação de R$ 155 bilhões pelos estragos causados pelo rompimento da barragem da Samarco em Mariana (MG). A Samarco é controlada pela Vale e pela anglo-australiana BHP Billiton.

    Os papéis da Petrobras caíam 1,31% na PN e 2,31% na ON, apesar da alta do petróleo no mercado internacional.

    DÓLAR E JUROS

    O dólar à vista subia 0,09%, a R$ 3,5347, enquanto o dólar comercial perdia 0,08%, a R$ 3,5363.

    Pelo segundo dia consecutivo, o Banco Central não anunciou leilão de swap cambial reverso, equivalente à compra futura de dólares pela autoridade monetária.

    No exterior, o dólar seguiu em alta ante a maior parte das moedas, com a possibilidade de aumento dos juros americanos em junho.

    No mercado de juros futuros, as taxas de curto prazo refletem a cautela quanto ao cenário político, enquanto os de longo prazo repercutem a ata da última reunião do Copom (Comitê de Política Monetária) do Banco Central.

    A ata, que pode ser a última sob a gestão de Alexandre Tombini, mostra mais otimismo com a inflação. No texto, o Comitê diz que a projeção para a inflação para 2016 se situa acima da meta de 4,5%, enquanto a projeção para 2017 encontra-se ao redor da meta."

    O contrato de DI para janeiro de 2017 avançava de 13,655% para 13,690%; o DI para janeiro de 2021 recuava de 12,630% para 12,590%.

    "Acreditamos que o Copom esperará maior clareza de que o IPCA de 2016 ficará abaixo do teto da meta (6,5%), o que já nos parece provável, e ancoragem das expectativas de inflação para 2017 ao redor do centro da meta (4,5%), o que só deve ocorrer no início do segundo semestre", escreve André Perfeito, economista-chefe da Gradual Investimentos. "Desta forma, esperamos que o Comitê inicie um ciclo de relaxamento monetário em outubro e continue em novembro, com dois cortes de 0,50 ponto porcentual, encerrando o ano [com a taxa básica de juros] em 13,25%."

    O CDS (credit default swap), espécie de seguro contra calote e indicador da percepção de risco do país, operava praticamente estável, com queda de 0,01%, aos 344,520 pontos.

    EXTERIOR

    Novos indicadores divulgados nesta quinta-feira (5) reforçam os temores em relação a uma desaceleração global.

    A atividade do setor de serviços da China desacelerou em abril em relação a março, mas ainda apontando expansão, conforme a pesquisa Índice de Gerentes de Compras (PMI, na sigla em inglês) do Caixin/Markit. O indicador caiu para 51,8, de 52,2 em março. Leituras acima de 50 indicam expansão da atividade.

    Nos EUA, os pedidos de auxílio-desemprego cresceram para 274.000 na semana passada, contra uma projeção da agência Bloomberg de 260.000. Foi a maior alta semanal do indicador desde janeiro de 2015.

    No entanto, a alta do petróleo sustentava os índices acionários em Nova York: o Dow Jones avançava 0,24%; o S&P 500, +0,20%; e o Nasdaq, +0,20%.

    As Bolsas europeias fecharam com sinais mistos: Londres (+0,09%); Paris (-0,11%); Frankfurt (+0,24%); Madri (+0,41%); e Milão (-0,07%).

    As ações chinesas terminaram em leve alta. A Bolsa de Tóquio não funcionou por conta de um feriado.

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