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    Agência de classificação de risco Fitch rebaixa nota do Brasil

    DE SÃO PAULO

    05/05/2016 18h14

    A incerteza política e a acelerada piora da economia levaram a um novo rebaixamento da nota de risco do Brasil, a poucos dias de uma possível mudança de governo, com a votação do afastamento da presidente Dilma, na próxima semana.

    A Fitch cortou a avaliação brasileira de BB+ para BB, segundo degrau abaixo do grau de investimento (categoria atribuída a países considerados de menor risco de calote, que, por isso, obtêm financiamento com juros menores).

    A perspectiva é negativa, o que indica a possibilidade de novo rebaixamento nos próximos meses. A Fitch havia retirado o selo de bom pagador do Brasil em dezembro.

    Com o segundo rebaixamento, ela passa a avaliar o Brasil no mesmo patamar das agências, Standard & Poor's e Moody's. O Ministério da Fazenda não quis comentar.

    Em comunicado divulgado na noite desta quinta-feira (5), a Fitch disse que a economia brasileira se deteriora em velocidade maior que a esperada. O PIB deve encolher 3,8% neste ano e subir 0,5% em 2017, desempenho pior que o previsto no final de 2015, de queda de 2,5% e alta de 1,2%, respectivamente.

    A Fitch ressalta ainda a falta de compromisso do governo com a meta fiscal. Neste ano, o governo apresentou proposta de flexibilização da meta de economia para pagar os juros da dívida.

    Se aprovada no Congresso, permitirá deficit de 1,5% do PIB após o resultado negativo de 2% no ano passado.

    A dívida pública do país pode atingir 80% do PIB em 2017, o que faz do Brasil um dos países com o maior rombo entre os de mesma nota –Bolívia, Croácia, Paraguai e Guatemala têm o rating BB.

    Para sustar o crescimento da dívida, um eventual governo Temer terá que cortar mais gastos e elevar a arrecadação.

    Em evento realizado nesta quarta (4) em São Paulo, a Fitch havia sinalizado que as perspectivas para o Brasil estavam entre estáveis e negativas para o médio prazo, com a chance de mais de 50% para um novo rebaixamento em um período de 12 meses.

    TRANSIÇÃO POLÍTICA

    A agência diz que a transição política –caso o Senado aprove o afastamento da presidente Dilma Rousseff na próxima semana– pode representar uma nova oportunidade para a realização de ajustes na economia e reformas estruturais, mas as dificuldades permanecem.

    Aponta, porém, incerteza sobre a capacidade de um novo governo formar coalizão estável para aprovar as reformas necessárias.

    "Dada a magnitude dos desafios econômicos e fiscais que o Brasil deverá enfrentar, será necessária vontade política e capacidade de executar medidas de ajustes em um curto período de tempo para materializar a recuperação da confiança", diz a agência.

    Um novo rebaixamento, segundo a Fitch, deve ocorrer se o governo falhar no controle no crescimento da dívida pública ou for incapaz de implementar medidas que melhorem projeções de crescimento da economia e o cenário para a contas públicas.

    Outro problema seria a erosão das reservas internacionais e uma mudança no perfil da dívida brasileira.

    Entre os fatores positivos para a economia brasileira estão a queda da inflação após o pico de 10,7% em 12 meses, atingido em janeiro. Outro sinal favorável é o reequilíbrio das contas externas.

    Classificação de risco

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