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    Grécia registra protestos antes de votação da reforma da Previdência

    DA AFP

    08/05/2016 14h02

    A Grécia é palco de protestos neste domingo (8) antes da votação do Parlamento grego da polêmica reforma das aposentadorias. A medida é exigida pelos credores do país —União Europeia e FMI (Fundo Monetário Internacional)— para liberar pacote de resgate ao governo grego. As manifestações ocorrem antes de uma reunião do Eurogrupo sobre a Grécia.

    Cerca de 15 mil pessoas começaram protestando pacificamente em Atenas e Tessalônica —segunda maior cidade grega no norte do país. Desse total, 14 mil eram simpatizantes da Frente Militante de Todos os Trabalhadores (PAME), próxima ao partido comunista KKE, segundo a polícia.

    "Vamos acabar com o desastre do sistema de aposentadorias, o desastre social e econômico", afirmava um cartaz.

    Pouco depois, porém, policiais e manifestantes entraram em confronto perto do Parlamento grego. A polícia disparou bombas de gás lacrimogêneo contra um grupo de manifestantes que lançou projéteis contra os agentes.

    Segundo imagens transmitidas por vários meios de comunicação, jovens mascarados lançaram coquetéis Molotov durante a manifestação.

    A mobilização, no entanto, foi muito menor que a registrada na última grande manifestação contra a reforma, em 4 de fevereiro, quando 50 mil pessoas participaram dos protestos.

    O sindicato público Adedy convocou uma manifestação diante do Parlamento, na noite deste domingo, horas antes da votação sobre a reforma, considerada um "saque" pelos sindicatos.

    O projeto de lei para reformar o sistema de aposentadorias e aumentar os impostos está sendo debatido no Parlamento desde sábado e será submetido a votação na noite deste domingo. A medida é exigida pela UE e pelo FMI em troca de um novo plano de resgate assinado em julho.

    O governo de esquerda de Alexis Tsipras, que tem maioria parlamentar mínima —153 deputados de 300—, espera que, ao organizar a votação no fim de semana, a reforma seja aprovada antes da reunião do Eurogrupo de segunda-feira.

    Isso pode ajudar os 19 ministros das Finanças da zona do euro a concluírem a primeira avaliação da implementação do plano de resgate e iniciarem o espinhoso debate sobre a dívida grega.

    A reforma prevê cortes das aposentadorias mais elevadas, a fusão de várias caixas, o aumento das cotações e a instauração de uma aposentadoria nacional de € 384 para os que tiverem trabalhado 20 anos.

    Durante a greve de 48 horas, convocada pelos sindicatos, a quarta desde que Tsipras chegou ao poder, em janeiro de 2015, nenhum transporte público funcionou no país na sexta-feira e no sábado.

    "CANSADA E DECEPCIONADA"

    Apenas os deputados da coalizão governamental —do Syriza e do partido soberanista Anel— estão dispostos a votar a favor deste projeto. Os partidos da oposição, entre eles a formação conservadora Nova Democracia, disseram que votariam contra o projeto de lei.

    "As pessoas estão cansadas e decepcionadas com o governo de esquerda no poder (...), as manifestações não tiveram a repercussão que esperávamos", lamentou à AFP Maria K., que participou do protesto deste domingo.

    Para o governo, a reforma faz parte do acordo entre a Grécia e os credores no ano passado em contrapartida ao empréstimo concedido ao país.

    "Fazemos o que combinamos com nossos sócios europeus", explicou na noite de sábado no Parlamento o ministro das Finanças, Eucleide Tsakalotos.

    A reforma das aposentadorias é indispensável para "garantir a viabilidade do sistema para a segurança social" e bloquear o deficit dos planos de aposentadorias, indicou por sua vez o ministro do Trabalho, Georges Katrougalos, impulsionador desta tarefa.

    Para Panayiotis Petrakis, professor de Economia na universidade de Atenas, as mobilizações não ameaçam a aprovação da lei: "A reforma será adotada e conseguir este voto antes do Eurogrupo é uma boa decisão", disse à AFP.

    Mas "a distância entre Atenas e os credores, que exigem medidas adicionais de € 3,6 bilhões, continua sendo importante", advertiu.

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