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    Empresários sugerem que Temer faça mal rápido e bem aos poucos

    JULIO WIZIACK
    DAVID FRIEDLANDER
    DE SÃO PAULO

    15/05/2016 02h00

    Passada a tensão pela troca de governo, banqueiros e empresários esperam que o ministro Henrique Meirelles (Fazenda) mostre serviço nos próximos três meses.

    Os seis banqueiros e os seis empresários ouvidos pela Folha acham que, se até lá o ministro não tiver encaminhado o ajuste das contas públicas e as reformas da Previdência e da legislação trabalhista, desperdiçará a boa vontade inicial que surgiu com o afastamento de Dilma.

    "Só discurso de boas intenções não é mais suficiente. Precisa ter medidas concretas para que esse sentimento positivo dure", disse Alessandro Zema, corresponsável do banco de investimento Morgan Stanley.

    O presidente do banco Deustche para a América Latina, Bernardo Parnes, fala em "otimismo cauteloso". "O novo governo tem um ministro da Fazenda capaz, tem o benefício da dúvida, mas precisa implementar medidas com rapidez."

    A tarefa mais urgente é reverter a trajetória explosiva da dívida pública, hoje de 67% do PIB. O FMI prevê que, nesse ritmo, pode chegar a 90% do PIB em 2021. Nesse cenário, o mercado passa a exigir juro cada vez maior para financiar o governo, o que aprofunda a recessão.

    Para mostrar o que esperam, empresários citam o exemplo da Argentina. Depois de 12 anos de kirchnerismo, com intervenção do Estado na economia, o país era um lugar selvagem para os investidores.

    Mauricio Macri assumiu, liberou preços administrados, o fluxo de moedas estrangeiras e liquidou uma dívida com credores estrangeiros, medidas que renovaram os laços com investidores.

    Resultado: no final de abril, o país colocou à venda títulos no exterior no valor de US$ 16,5 bilhões. A oferta atraiu US$ 68 bilhões e não havia papel para todos.

    "Também saímos do bolivarianismo. Vai melhorar, mas agora é preciso fazer o mal na hora e o bem aos poucos", disse Carlo Bottarelli, presidente da empresa de infraestrutura Triunfo.

    CONCESSÕES

    A outra grande aposta para reativar a economia é o programa de concessões que o novo governo quer lançar.

    O presidente da Apeop, associação dos empreiteiros de São Paulo, Luciano Amadio Filho, diz estar em contato com investidores estrangeiros interessados em tomar parte dos novos projetos de infraestrutura. As empresas brasileiras também já consideram buscar financiamentos no exterior. "Mas vão esperar até que o governo mostre que tem um caminho."

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