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    novo governo

    'Ex-faz-tudo' de FHC, Parente tem nova reviravolta em sua carreira

    DAVID FRIEDLANDER
    RICARDO BALTHAZAR
    DE SÃO PAULO

    20/05/2016 02h00

    Sergio Lima/Folhapress
    BRASILIA,DF, BRASIL, 23-02-2012: O presidente da BUNGE do Brasil, Pedro Parente, fala aos jornalistas apos audiencia com a Pres. Dilma Rousseff, no Palacio do Planalto
    O ex-ministro de FHC Pedro Parente

    O novo presidente da Petrobras, Pedro Parente, cansou de pegar os amigos de surpresa com as reviravoltas de suas escolhas profissionais. Quando deixou o serviço público, em 2002, colegas acharam que iria tentar uma carreira política.

    Mas ele saiu de Brasília, virou presidente do grupo de comunicação RBS e depois da multinacional de alimentos Bunge. Dois anos atrás, anunciou o fim de sua carreira como executivo. Falava em ficar mais tempo com a família e em aprender a pilotar aviões.

    Até procurou uma escola de aviação, mas parou por aí. Virou consultor na Prada, gestora de recursos da mulher, Lúcia Hauptman, e entrou para conselhos de administração de cinco empresas.

    Agora, contrariando o que tinha dito a amigos e o desejo da família, aceitou a presidência da Petrobras. Segundo uma amiga, "Pedro gosta mesmo é de adrenalina".

    Na estatal, terá a missão de reanimar uma empresa que deve R$ 450 bilhões e está humilhada pelo escândalo descoberto pela Lava Jato.

    Aos 63 anos, três casamentos, quatro filhos e um neto, Pedro Parente conhece e sabe operar a máquina pública como poucos, segundo ex-colegas. Começou a trabalhar aos 19 anos como caixa do Banco do Brasil, no térreo do Ministério da Fazenda. Foi para o Banco Central e teve cargos importantes nos governos Sarney e Collor.

    Com FHC, foi secretário-executivo do Ministério da Fazenda, ministro do Planejamento e da Casa Civil. Foi também o chefe do "Ministério do Apagão", grupo criado na crise energética de 2001, que derrubou a economia e a fama de bons gestores dos tucanos. A condução do episódio lhe rendeu elogios.

    Um dos arquitetos da transição do governo FHC para o de Lula, ajudou a reduzir a desconfiança do empresariado com o presidente petista.

    'ACORDA ASSUSTADO'

    O novo presidente da Petrobras não é um formulador de estratégias, segundo colegas. Seria mais um "tocador" de tarefas. Na Fazenda, Parente não era dos que mais opinavam nas reuniões com o ex-ministro Pedro Malan. "Mas dava as ordens e encaminhava as decisões", afirma um companheiro do período.

    De acordo com os dois volumes já publicados dos diários de FHC, em novembro de 1995, Parente escreveu uma carta a Malan manifestando insatisfação com o trabalho.

    "Ele trabalha, não dorme, acorda assustado, conta todos os problemas", escreve FHC. "Pedro Parente está amargo, e nós precisaríamos de 20 Pedros Parentes para tocar o Brasil, é difícil mesmo."

    Na carta, Parente reclamava de deputados que o procuravam pedindo ajuda para usineiros em dificuldades.

    FHC também afirma que governadores reclamavam de Parente, encarregado de discutir as finanças dos Estados e renegociar suas dívidas.

    Parente hesitou em voltar ao governo porque levou anos para se livrar dos processos que herdou em sua longa passagem pelo setor público. FHC recomendou a Temer seu ex-auxiliar, cotado para a Petrobras se Aécio Neves fosse eleito em 2014.

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