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    Petrobras voltou a ter caixa sob Bendine, mas sem lucro

    NICOLA PAMPLONA
    LUCAS VETTORAZZO
    DO RIO

    20/05/2016 02h00

    Indicado com a missão de destravar a publicação do balanço após a Lava Jato, Aldemir Bendine deixa a Petrobras 14 meses após sua nomeação sem que o esforço de saneamento financeiro tenha se refletido em lucro.

    Nem os sucessivos cortes de investimentos e de custos nem a ainda tímida venda de ativos têm sido suficientes para compensar os esqueletos deixados por gestões anteriores e a queda do petróleo.

    Nos cinco trimestres da gestão de Bendine, a Petrobras teve prejuízo acumulado de R$ 36 bilhões.

    Quando foi transferido do Banco do Brasil para a petroleira, em fevereiro de 2015, a estatal corria o risco de ter dívidas resgatadas antecipadamente por atraso na publicação do balanço –a auditoria PwC recusou-se a assinar os números sem o cálculo das perdas com corrupção.

    Lucro ou prejuízo líquido da Petrobras - Em R$ bilhões

    A missão foi cumprida em abril, com a publicação de prejuízo de R$ 21,6 bilhões. A Petrobras identificou R$ 51,5 bilhões em perdas com corrupção e má gestão.

    Segundo elogios de analistas de mercado e críticas de sindicatos e fornecedores, sua gestão tentou imprimir "visão de banqueiro" à petroleira, estrangulada por uma dívida de R$ 450 bilhões.

    Decidiram focar os investimentos apenas no pré-sal e cortaram 23,1 mil funcionários terceirizados em funções administrativas.

    Anunciaram ainda a meta de arrecadar US$ 15,1 bilhões com a venda de ativos.

    PETROBRAS NO VERMELHO - Dívida na estatal aumenta na gestão Bendine

    "Foi uma estratégia de contenção de danos", diz André Perfeito, economista-chefe da Gradual Corretora. Quando questionado sobre os resultados, Monteiro costuma dizer que o objetivo é ter números "realistas" e "previsíveis".

    A dupla levou a companhia a apresentar fluxo de caixa positivo pela primeira vez desde 2007 – já são três trimestres gastando menos do que arrecadando.

    CORRUPÇÃO

    Por outro lado, ainda não apresentaram resultados de investigações sobre a participação de empregados no esquema investigado pela Lava Jato. A gestão foi marcada também por conflitos com conselheiros independentes.

    As medidas de austeridade geraram conflitos com sindicatos e, em 2015, a maior greve de petroleiros desde 1995.

    Pela proposta de vender US$ 15,1 bilhões em ativos, Bendine ganhou entre os sindicalistas o apelido de "Vendine".

    PETROBRAS NO VERMELHO

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