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    Moda do Ceará vende mais lá fora do que aqui

    PEDRO DINIZ
    ENVIADO ESPECIAL A FORTALEZA

    22/05/2016 01h00

    Um dos maiores entraves de se fazer moda num país de proporções continentais como o Brasil é a barreira geográfica e cultural entre os dois extremos do seu território.

    Estilistas e marcas do Ceará passaram a olhar o mercado internacional para compensar o pouco apelo no eixo Sul-Sudeste.

    A empresária Celina Hissa exporta suas bolsas feitas com técnicas de trançados produzidos em comunidades cearenses para países da Europa e da América Latina.

    As peças levam na própria etiqueta os custos de produção e a origem do item como método de transparência e valorização dos artesãos.

    "No exterior, esse conceito de sustentabilidade é uma exigência do comprador. Queria mostrar o que há por trás da confecção do produto", afirma Hissa.

    A empresária desfilou suas peças no início deste mês no Dragão Fashion Brasil (DFB), realizado em Fortaleza.

    A marca de Hissa, a Catarina Mina, fez parte do projeto Babado Coletivo, que mostrou peças de pequenos estilistas sem loja e sem produção em série.

    Segundo a coordenadora de moda do Dragão Fashion, Daniella Milério, a localização privilegiada do Ceará ajuda a difusão da moda local para o exterior.

    "As fronteiras com esses lugares diminuíram significativamente quando os empresários locais se reconheceram como marca, se formalizaram e entenderam a importância de fazer uma moda que dialogue com o exterior sem perder os traços do artesanato local", diz.

    Outra grife de exportação que participou do evento foi a Bikiny Society, de moda praia.

    Ao contrário da maioria das marcas brasileiras, contudo, a empresa já nasceu em 2011 com foco no mercado internacional e só em 2014 começou a distribuir suas peças para o Brasil.

    A estilista Paula Pinto Villas-Boas morava na Suíça quando teve a ideia de criar a etiqueta, caracterizada por um trabalho minucioso de estamparia. Hoje, ela tem loja própria em Portugal e presença em multimarcas nacionais.

    Toda a confecção das peças é feita no Ceará.

    PARA POUCOS

    O artesanato local também é central nas peças de Gisela Franck, da marca de moda praia Água de Coco.

    Em seu desfile, ela buscou inspiração no trabalho do mestre artesão Espedito Seleiro para sua coleção de tons terrosos construída com grafismos de arabescos.

    "Existe um público no Ceará, ainda restrito, que começa a perceber beleza no artesanato local aplicado à moda. Há um desejo dos estilistas daqui de criar peças em parceria com comunidades e artistas", diz Franck, que pretende lançar uma loja on-line.

    Para o estilista Lindebergue Fernandes, um dos principais nomes do evento, essa adesão ao produto dos estilistas locais ainda é lenta.

    "A elite cearense ainda valoriza mais as grifes internacionais ou as do Sul e do Sudeste do país. É muito difícil conseguir um espaço", diz.

    O jornalista viajou a convite do Dragão Fashion Brasil

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