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    Governo Macri ainda restringe a importação, diz indústria

    MARIANA CARNEIRO
    ENVIADA A BRASÍLIA

    22/05/2016 02h00

    Gustavo Amarelle/Xinhua
    (160520) -- BUENOS AIRES, mayo 20, 2016 (Xinhua) -- El presidente de Argentina, Mauricio Macri (frente), visita la planta avícola Cresta Roja en la localidad de El Jagüel, del partido de Esteban Echeverría, provincia de Buenos Aires, Argentina, el 20 de mayo de 2016. El presidente de Argentina, Mauricio Macri, anunció el viernes que veta la ley contra despidos aprobada la víspera por la oposición en el Congreso. "Voy a vetar la ley, que para mí es antiempleo", dijo Macri en un acto realizado en la planta avícola Cresta Roja en la periferia sur de la ciudad de Buenos Aires (capital), establecimiento que reabrió el mes pasado tras un largo conflicto laboral. (Xinhua/Gustavo Amarelle/TELAM) (tl) (jg) (fnc)
    Mauricio Macri, presidente da Argentina, durante visita à empresa Cresta Roja

    O novo ministro das Relações Exteriores, José Serra, chega à Argentina nesta segunda (23) com problemas na relação comercial entre os dois países a resolver. Empresários brasileiros relatam que ainda há restrições, apesar da eleição, no país vizinho, de um governo que se declara contra o protecionismo e mais pró-mercado.

    Levantamento da CNI (Confederação Nacional da Indústria) mostra que 21% das importações do Brasil param nas licenças não automáticas argentinas. O percentual aplicado aos demais países que fornecem produtos e serviços ao vizinho é, em média, de 18% a 20%, diz a CNI.

    O mecanismo entrou em vigor neste ano, após caducarem as DJAIs (declaração juramentada de autorização à importação), que tinham por objetivo conter a importação por falta de divisas.

    Há setores, porém, cujo percentual das vendas que caem nas licenças não automáticas chegam a 92% (equipamentos de transporte) e 89% (máquinas agrícolas). Brinquedos, calçados, autopeças, têxteis e artigos de madeira têm mais da metade das vendas na mesma situação.

    As licenças não automáticas atrasam a entrega de mercadorias de setores considerados sensíveis à indústria local em até 60 dias. Segundo a Folha apurou, no automotivo, por exemplo, elas estão sendo liberadas no limite do prazo.

    "Eles não estão contendo as importações, mas fazendo com que sejam mais demoradas", disse Carlos Abijaodi, diretor da CNI.

    Segundo a consultoria argentina Abeceb, o país triplicou neste ano o número de itens considerados sensíveis, dada a menor competitividade argentina.

    Com a desvalorização do real em relação ao dólar, ficou mais barato produzir no Brasil, segundo Mauricio Claverí, economista da Abeceb.

    "As licenças não automáticas afetam mais Brasil e China devido à natureza dos produtos que vendem, que fazem concorrência direta com os fabricantes locais", afirma.

    MENOS IMPORTAÇÃO

    A recessão brasileira também está reduzindo as vendas da Argentina ao vizinho.

    Nos primeiros quatro meses do ano, as exportações brasileiras ao país aumentaram só 0,8%. Mas as importações recuaram 25%.

    Com isso, o saldo está negativo para a Argentina em US$ 1,3 bilhão, o triplo do mesmo período de 2015.

    "Alguns setores estão descontentes, acham que as licenças não automáticas na prática não os estão protegendo", disse o economista.

    Claverí identifica outro fator de estresse: o aumento expressivo das vendas do setor automotivo, que é regulado por um acordo comercial específico, que vence em junho, e é o principal item da pauta comercial entre os sócios.

    Pela negociação em vigor, a cada US$ 1,5 vendido pelo Brasil à Argentina, tem que comprar de volta US$ 1.

    Segundo o economista, nos quatro primeiros meses deste ano, as vendas do Brasil à Argentina aumentaram quase 10%. Já as compras caíram 40%. A cada US$ 1 vendido pela Argentina, ela está comprando quase US$ 2.

    Empresários do setor automotivo estão preocupados com a diferença, que pode atrapalhar a renovação do acordo nos termos atuais. Temem perder a vantagem, que evita a tributação de automóveis e de autopeças no comércio entre os países.

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