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    Mercado reage com cautela a medidas econômicas do governo Temer

    TÁSSIA KASTNER
    EULINA OLIVEIRA
    DE SÃO PAULO

    25/05/2016 02h00

    O anúncio das primeiras medidas econômicas do presidente interino Michel Temer (PMDB) levou o mercado do otimismo à cautela. A Bolsa chegou a subir mais de 1%, mas fechou o dia perto da estabilidade, descolada do exterior. O dólar caiu pouco.

    No final da manhã, Temer anunciou crescimento real zero dos gastos do governo e a devolução de R$ 100 bilhões do BNDES para o Tesouro Nacional como principais ações para melhorar as contas públicas.

    A primeira medida foi vista com receio por analistas do mercado financeiro –traz risco de indexação da economia e depende da aprovação do Congresso– enquanto a capitalização do Tesouro via BNDES ainda passará por análise jurídica, sob o risco de ser considerada uma "pedalada fiscal", base do processo de impeachment de Dilma Rousseff (PT).

    CONFIANÇA

    "O governo teve preocupação em sinalizar para o mercado confiança, mas o mercado não quer mais isso. Quer medidas e capacidade de aprová-las", afirmou Eduardo Velho, economista-chefe da INVX Global.

    Velho considerou o começo da próxima semana como prazo limite para confirmação de que o BNDES poderá devolver dinheiro ao Tesouro. Do contrário, investidores podem assumir posição defensiva com o novo governo.

    "Qualquer anúncio de contenção de gastos do governo é positivo, mas o mercado aguarda medidas efetivas, por isso reagiu com cautela", avalia Roberto Indech, analista da corretora Rico.

    "As medidas anunciadas estão na direção correta, mas a questão é como elas serão colocadas em prática e como será a tramitação no Congresso", afirma Alvaro Bandeira, economista-chefe da Modalmais. "Limitar despesas ao crescimento real zero é estruturalmente mais correto, mas há o risco de nova indexação da economia", alerta.

    Já o fim do fundo soberano, que tem papéis do Banco do Brasil, teve efeito direto no mercado financeiro. A possibilidade de venda dessas ações derrubou a cotação do BB em mais de 5%.

    "Diante das incertezas, o investidor preferiu se antecipar e se desfazer dos papéis", explica Ari Santos, gerente de renda variável da corretora H.Commcor.

    META FISCAL

    Após o anúncio das medidas, o mercado se voltou para a discussão da nova meta fiscal no Congresso. Temer pediu autorização para terminar este ano com deficit de R$ 170,5 bilhões. A previsão é que a votação ocorreria na madrugada desta quarta.

    Na prática, a aprovação rápida é considerada indicativo de que o governo interino tem base política para avançar com as reformas.

    O Ibovespa fechou em alta de apenas 0,03%, aos 49.345 pontos. O volume financeiro foi baixo, de R$ 5,2 bilhões. Nos Estados Unidos, as Bolsas subiram mais de 1%.

    O dólar comercial, usado no comércio exterior, fechou em baixa de 0,16%, a R$ 3,58. A moeda à vista, referência no mercado financeiro, caiu 0,44%, a R$ 3,56.

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