• Mercado

    Sunday, 19-May-2024 19:05:04 -03

    Empresas alemãs pagam consumidor para usar eletricidade por 7 horas

    FERNANDA ODILLA
    DE COLABORAÇÃO PARA A FOLHA, EM LONDRES

    28/05/2016 02h00

    Tobias Schwarz - 26.set.2013/Reuters
    File multiple exposure photo of wind turbines at the German village of Feldheim February 21, 2013. Angela Merkel's best hope of saving her bold energy revolution may lie in a coalition with the centre-left Social Democrats (SPD), who could agree to modest cuts to costly incentives for green power which are, paradoxically, driving up energy prices. The German chancellor's experiment to wean Europe's biggest economy off nuclear and fossil fuels and push it into renewables is at risk because generous subsidies have proved so popular with investors in green power that the country is straining under the cost. TO GO WITH STORY GERMANY-COALITION/ENERGY REUTERS/Tobias Schwarz/Files (GERMANY - Tags: POLITICS ENERGY) ORG XMIT: BER98
    Parque eólico no município de Feldheim na Alemanha; empresas irão pagar consumidores

    Durante sete horas no começo deste mês, a Alemanha pagou para quem usasse energia. Entre as 9h e as 16h do domingo (8), o preço da megawatt-hora ficou negativo, entre - € 130 (cerca de - R$ 517) e € 34 (R$ 135).

    Isso aconteceu porque, na Alemanha, o mercado regula o setor de energia, com pouquíssima interferência governamental e baseado na relação oferta e demanda.

    Segundo Christoph Podewils, diretor da Agora –organização que pesquisa energia convencional e renovável–, as empresas alemãs preferem lidar com o desequilíbrio entre oferta e demanda reduzindo o preço abaixo de zero em vez de diminuir a potência de produção.

    Embora a variação seja comum, a última vez em que o preço ficou negativo foi no Natal de 2012. No dia 8, os termômetros registraram ventos fortes, céu azul e temperaturas mais elevadas que a média.

    Os alemães comemoravam Dia das Mães e Podewils acredita que muita gente saiu de casa para aproveitar a primavera ao ar livre.

    Por volta das 13h, quando o preço atingiu seu valor mais baixo e o consumo foi menor que o previsto, a produção de energia a partir de fontes renováveis era equivalente a 87% de todo o consumo de eletricidade na Alemanha.

    O GARGALO

    A variação aguda no preço revela que o armazenamento é o grande problema da produção de energia renovável, diz o pesquisador alemão Thomas Fröhlich, do Brazil Institute na universidade King's College London.

    "Nós não temos capacidade de armazenamento. Se houvesse, poderíamos estocar o excesso e estabilizar os preços", afirma Fröhlich.

    Ele ressalta que problema é a falta, até este momento, de tecnologia que seja eficiente e acessível. "São quantidades enormes de energia, que, até agora, não põem ser estocadas em baterias", explica Fröhlich, dizendo que já há empresas trabalhando com soluções nesse sentido.

    Segundo ele, tecnicamente o Brasil tem condições para, um dia, produzir energia renovável num patamar similar ao da Alemanha.

    "Mas não vejo as prioridades no Brasil indo em direção à sustentabilidade", afirma Fröhlich.

    "O alto teor de energias renováveis na matriz energética se parece mais com um acidente de sorte", afirma o pesquisador.

    Edição impressa

    Fale com a Redação - leitor@grupofolha.com.br

    Problemas no aplicativo? - novasplataformas@grupofolha.com.br

    Publicidade

    Folha de S.Paulo 2024