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    Corretoras querem popularizar COE, que une renda fixa e variável

    TONI SCIARRETTA
    COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

    30/05/2016 02h00

    Divulgação
    Muita coisa mudou de lá pra cá. Com a democratização dos meios de comunicação, e uma comunidade cada vez mais conectada, vimos startups de fundo de garagem se tornarem marcas multibilionárias, reinventando completamente o modelo tradicional de investimento em marketing, ao utilizarem uma nova abordagem: "growth hacking".
    COE (Certificado de Operação Estruturada) tem começado a atrair a atenção também de brasileiros.

    Investimento que virou um mercado trilionário nos EUA e na Europa, o COE (Certificado de Operação Estruturada) tem começado a atrair a atenção também de brasileiros.

    No exterior, esses títulos são especialmente populares entre pequenos investidores da classe média, que buscam alternativa aos juros negativos, mas não têm acesso a fundos que exigem aplicações iniciais elevadas.

    COE é uma sigla genérica para designar um investimento que procura aproveitar um eventual ganho com a alta do dólar ou a recuperação da Bolsa, mas sem perder o dinheiro investido em caso de queda.

    É uma espécie de CDB que combina investimentos em renda fixa e variável, que podem ser moedas estrangeiras, metais preciosos, ações etc.

    VARIÁVEL, MAS NEM TANTO COE - permite ao investidor correr menos risco ao aplicar em Bolsa ou dólar

    COMO FUNCIONA

    O COE é, na prática, um "pacotinho" de aplicações.

    As condições variam de acordo com a criatividade do banco emissor e de sua sensibilidade para entender o desejo do investidor. Cada certificado criado é único e tem um desenho particular.

    Alguns dão um percentual da alta do dólar; outros a do ouro ou de uma ação específica, mas garantindo que, na pior das hipóteses, o investidor recebe um determinado valor conhecido no resgate.

    A regra principal é deixar claro o que ocorre com o dinheiro em todos os cenários possíveis.

    Mas há uma pegadinha: se o investidor acertar em cheio a sua aposta (digamos, alta do dólar), ele não se beneficia de toda a valorização. Normalmente, há um limitador de ganho expresso num percentual da variação.

    ESTOQUE DE COEs - Em R$ bilhões

    VEJA UM EXEMPLO

    Um banco estrangeiro, por exemplo, limitou o ganho do cliente com o dólar em 24% em um COE de um ano. Se o dólar dobrar no período, a pessoa leva até 24%. Por outro lado, têm garantido que sairá daqui um ano, pelo menos, com o valor aplicado mesmo se a moeda americana se desvalorizar.

    Para garantir que o cliente receberá o combinado, o banco aplica o dinheiro do conjunto de investidores em renda fixa e faz um hedge (proteção) para cobrir perdas e ganhos potenciais do grupo.

    Voltando ao exemplo do investimento com ganho de até 24% da alta do dólar, como a renda fixa brasileira garante hoje um ganho de 14%, o banco terá que "especular" na Bolsa aquilo que exceder a isso: os 10% restantes para aqueles que poderão levar 24% se o dólar disparar. Também terá de fazer uma conta capaz de cobrir o mínimo acertado se a moeda derreter.

    CUSTOS E RISCOS

    Os custos, incluindo a remuneração do banco e corretores, estão embutidos no preço COE. Como no CDB, não tem taxa de administração nem de corretagem. O Imposto de Renda pago é sobre o rendimento final, de acordo com a tabela da renda fixa (22,5% a 15%, dependendo do prazo).

    O risco da operação é o de o banco quebrar e não honrar a aplicação. Não há cobertura do FGC (Fundo Garantidor de Créditos). A aplicação não costuma permitir resgate antes do prazo.

    ONDE INVESTIR

    Até fevereiro, apenas os bancos emissores (Bradesco, Santander, Itaú, BB, Safra, ABC, Morgan Stanley, entre outros) vendiam COE, a clientes de alta renda. Agora, as corretoras passaram a distribuí-lo. Na Easynvest, há COE a partir de R$ 10 mil, e, na XP Investimentos, a partir de R$ 15 mil.

    No Brasil, 94% dos certificados emitidos saem com o chamado capital protegido, segundo a Cetip, empresa que faz o registro dos certificados. "Conforme o COE se popularizar, acreditamos que vão surgir novos desenhos", disse Fábio Zenaro, gerente-executivo de Negócios da Cetim.

    "No início, a maioria dos clientes queria ter o capital protegido. Agora, como a taxa de juros está muito alta no Brasil, vemos que ele também quer ter uma taxa prefixada para não perder o que ganharia na renda fixa", disse Maria Kattar, responsável pela área de COE da XP.

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