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    Preço do petróleo faz endividamento de gigantes do setor crescer 30%

    DO "FINANCIAL TIMES"

    30/05/2016 12h00

    Lucas Jackson - 30.dez.2015/Reuters
    Dívidas líquidas das grandes empresas ocidentais de petróleo subiram em um terço nos últimos 12 meses
    Dívidas líquidas das grandes empresas ocidentais de petróleo subiram em um terço nos últimos 12 meses

    As dívidas líquidas das grandes empresas ocidentais de petróleo subiram em um terço nos últimos 12 meses, o que as torna mais vulneráveis a uma nova queda nos preços da commodity. As dívidas agregadas das 15 maiores companhias petroleiras da América do Norte e Europa subiram a US$ 383 bilhões pelo final de março, ou US$ 97 bilhões ante o total registrado 12 meses antes, de acordo com relatórios sobre as empresas compilados pela Bloomberg.

    As receitas das empresas petroleiras despencaram como resultado do colapso nos preços do petróleo cru iniciado na metade de 2014. Ainda que tenham reduzido acentuadamente seus investimentos e custos operacionais, a maioria delas teve de tomar empréstimos para bancar seus programas de investimentos e pagamentos de dividendos.

    A alta da dívida foi especialmente aguda no primeiro trimestre deste ano, quando o preço do petróleo caiu para cerca de US$ 27 por barril.

    Ainda que as taxas de juros estejam em níveis quase recorde de baixa e os preços do petróleo tenham se recuperado, fechando a semana passada em cerca de US$ 49, o endividamento ampliado do setor significa que este enfrentará dificuldades maiores caso os preços do petróleo voltem a cair.

    Isso provavelmente significaria mais perdas de empregos e cortes de investimento, bem como possíveis cortes de dividendos e mais fusões e aquisições defensivas.

    Parte da alta na dívida das petroleiras nos últimos 12 meses foi causada pelos US$ 19 bilhões em dinheiro que a Royal Dutch Shell teve de pagar como parte de sua aquisição do BG Group. Mas todas as grandes empresas reportaram forte alta na captação.

    A dívida líquida da ExxonMobil subiu para US$ 38,3 bilhões no final de março, de US$ 27,6 bilhões naquela data um ano antes, e a da BP subiu de US$ 24,6 bilhões a US$ 30,6 bilhões no mesmo período.

    A alta nas dívidas e as expectativas moderadas quanto aos futuros preços do petróleo levaram muitas agências de classificação de crédito a rebaixar as empresas petroleiras. No mês passado, a Exxon perdeu sua classificação AAA de parte da Standard & Poor's.

    Ainda que a recuperação nos preços do petróleo esteja melhorando os fluxos de caixa das empresas e elas estejam levando adiante seus esforços de corte de custos, continuam a sofrer desgaste financeiro, com o petróleo cru às cotações atuais.

    Jason Bloom, diretor de pesquisa de commodities na Invesco PowerShares, disse que "os preços nesses níveis são um grande problema, não só para as empresas de exploração e produção de menor porte como para as grandes".

    Ainda que a ConocoPhillips, dos Estados Unidos, e a Eni, italiana, tenham reduzido seus dividendos, a maioria das maiores empresas de petróleo dos Estados Unidos e Europa se comprometeu a manter os valores pagos aos acionistas, o que limita sua capacidade de investir em produção futura.

    Philip Verleger, um economista especializado no mercado de energia, disse que "as grandes companhias que vinham investindo em projetos de alto custo como o Kashagan (no Cazaquistão) ou a exploração em águas profundas nas águas do Brasil estão sendo forçadas a reduzir seus investimentos a fim de pagar dívidas e cobrir seus dividendos".

    A pressão se reflete em mudanças estratégicas promovidas pelas empresas petroleiras, como o abandono pela Chevron de grandes projetos de que levariam muitos anos e requereriam muitos bilhões de dólares para desenvolvimento, em favor de projetos menores e mais flexíveis. A BP, de modo semelhante, anunciou que abandonaria a exploração mais dispendiosa, em novas fronteiras do petróleo, que pode demorar 10 anos ou mais a propiciar lucro.

    Em contraste, a dívida líquida total das companhias norte-americanas de exploração e produção de médio porte, que levou à revolução do petróleo de xisto betuminoso, se manteve estável nos últimos 12 meses, porque os bancos pararam de emprestar dinheiro a essas empresas.

    Este ano, a despeito de uma forte recuperação nos preços de títulos de dívida de alto rendimento do setor de energia, de fevereiro para cá, as empresas de exploração e produção de petróleo não emitiram muitos títulos especulativos.

    A venda de US$ 200 milhões em títulos da Parsley Energy, duas semanas atrás, foi a maior oferta de títulos de alto rendimento por uma empresa norte-americano de exploração e produção de petróleo em 2016.

    Tradução de PAULO MIGLIACCI

    Edição impressa
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