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Mercado
Friday, 17-May-2024 08:26:16 -03Sob o PT, indústria de transformação encolheu 10,5%
MARIANA CARNEIRO
TÁSSIA KASTNER
DE SÃO PAULO02/06/2016 02h00
A indústria de transformação –que inclui a produção de veículos, eletrodomésticos e máquinas– encolheu na era PT. É neste segmento que está a maior parte dos empregos do setor industrial.
Se o Senado confirmar o processo de impeachment de Dilma Rousseff, o primeiro trimestre de 2016 será o último sob integral administração petista desde que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva chegou ao poder, há 13 anos. Dilma foi afastada em 12 de maio, em meados do segundo trimestre.
Nos 13 anos e três meses em que o PT esteve no poder, o setor industrial teve o pior desempenho entre os componentes do PIB: cresceu 19%. Bem abaixo da agropecuária (45%) e dos serviços (41%). O PIB cresceu 36%.
Mas dentro da indústria, alguns foram piores do que outros. Ancorada principalmente na produção de minério de ferro, a indústria extrativa mineral cresceu 44%.
Já a indústria de transformação encolheu 10,5%.
Um longo período de valorização do dólar ajudou a deixar o produto "made in Brazil" mais caro do que o importado, aqui e no exterior.
Mas os custos domésticos também subiram devido à perda de eficiência da economia ocorrida nos últimos anos, já sob Dilma, afirma Zeina Latif, economista-chefe da XP Investimentos.
"Mesmo com os aumentos dos salários em dólar, com os ganhos de produtividade, a indústria deu conta. A produção industrial passa a mergulhar no governo Dilma, quando a produtividade passa a cair", diz Zeina.
A produtividade aumenta, entre outros fatores, quando cresce o investimento. Sob os anos PT, o investimento cresceu 26%, após o pico no primeiro mandato de Dilma.
Economistas creditam a ruptura no investimento, que cai há 11 trimestres, à incerteza que a gestão da petista provocou no setor privado.
A política econômica de Dilma deixou para trás um período de reformas microeconômicas que incrementaram o crédito e a construção civil no primeiro mandato de Lula e ajudaram a turbinar o crescimento.
A interferência em setores, com a fixação de preços com o intuito de controlar a inflação, afugentou investidores. As concessões esbarraram na tentativa do governo de tabelar o retorno dos empresários. O investimento estancou e passou a cair, junto com a confiança do empresário.
Os dados do primeiro trimestre indicam que, pelo menos a indústria, começa a tatear o fundo do poço. Segundo Zeina, há indicativo de que o produtor nacional está substituindo importados no mercado doméstico.
A dúvida é se o recente equilíbrio da indústria poderá ser interrompido por uma nova desvalorização, ocasionada pela turbulência política, que poderia impedir a queda da taxa de juros e afetar o endividamento das firmas.
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