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    Indústria surpreende com ligeira alta de 0,1% em abril e alimenta otimismo

    BRUNO VILLAS BÔAS
    DO RIO

    02/06/2016 09h17 - Atualizado às 15h37

    A indústria brasileira surpreendeu em abril com um ligeiro aumento na produção e alimentou as expectativas de economistas sobre uma estabilização do setor no segundo semestre.

    Dados do IBGE divulgados nesta quinta-feira (2) mostraram que a produção industrial teve ligeiro aumento de 0,1% em abril, frente ao mês anterior, após já ter avançado 1,4% em março.

    Embora aparentemente modesto, o resultado foi bem melhor que esperado: consultorias e bancos consultados pela agência Bloomberg previam queda de 0,9% da produção no mês.

    Produção industrial - Variação em %

    Além disso, dois meses consecutivos de avanço não aconteciam há quase dois anos, desde julho e agosto de 2014. Para o Credit Suisse, indicadores sugerem um avanço em maio, de 1,3%.

    "Essa estabilização deve ficar clara no segundo semestre, mas o pior parece ter ficado para trás", disse Pedro Ramos, gerente de análise do banco cooperativo Sicredi.

    PIB do Brasil
    Resultados do 1º tri.2016
    painel da bolsa de valores brasileira

    Os dados chamaram atenção um dia após a divulgação que o Produto Interno Bruto, medida dos bens e serviços produzidos, caiu 0,3% no início do ano, menos desastroso que o esperado.

    O detalhamento da produção industrial mostra a contribuição de setores como alimentos (4,6%), refino de petróleo e biocombustíveis (4,6%), celulose (2,7%) e máquinas e equipamentos (2%).

    Das grandes categorias econômicas, os bens de capital (que inclui máquinas e equipamentos) tiveram sua quarta taxa positiva consecutiva. Em abril, o avanço foi de 1,2% frente a março.

    Isso seria fruto, em parte, de um pessimismo um pouco menor de empresários. Segundo sondagem da Fundação Getulio Vargas, a confiança atingiu em maio o maior nível em 14 meses.

    De forma geral, as fábricas vêm ajustando seus estoques desde o segundo semestre de 2015, o que pode ter ajudado na alta da produção. O câmbio também contribui para alta das exportações.

    Apesar dos sinais positivos, os analisas alertam que é cedo para falar em início de recuperação do setor, que está 20,3% abaixo de seu pico histórico, registrado em junho de 2013.

    Até porque há incertezas no caminho. Rodrigo Nishida, economista da LCA, cita possíveis turbulências no cenário político em meio aos desdobramentos da Operação Lava Jato.

    "Embora o impeachment [da presidente Dilma] tenha sido favorável para a confiança [dos empresários], há sempre incertezas. A queda de dois ministros de Temer nos mostram isso", disse.

    O técnico do IBGE André Macedo também prefere a cautela. Ele diz que o avanço da produção em março e abril, combinados, não chegam a compensar a queda de fevereiro (-2,9%).

    Além disso, a antecipação da moagem de cana-de-açúcar no Centro-Sul do país gerou uma forte alta no resultado de açúcar e álcool combustível no mês, o que impulsionou atipicamente o mês.

    "Duas altas consecutivas é uma boa notícias, mas esse avanço não está ainda disseminado. E 13 dos 24 segmentos da indústria ainda tiveram queda na passagem dos meses", disse Macedo.

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