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    Estrangeiros embolsam lucros e retiram R$ 1,8 bi da Bolsa em maio

    EULINA OLIVEIRA
    DE SÃO PAULO

    06/06/2016 02h00

    Investidores estrangeiros que lucraram na Bolsa de São Paulo com a aposta no impeachment da presidente Dilma Rousseff estão batendo em retirada.

    Em maio, as saídas (vendas de ações) superaram as entradas (compras) em R$ 1,8 bilhão, puxando o Ibovespa para uma baixa de 10% no mês –nos três meses anteriores, o saldo havia sido positivo.

    Analistas consideram que, sob Dilma, a recuperação da economia seria inviável. A chance de troca de governo geraria ganhos e isso atraiu os estrangeiros para a Bolsa nos meses anteriores.

    Entre fevereiro e abril, a entrada líquida de recursos externos foi de cerca de R$ 13,5 bilhões. Somente em março, quando ficou mais claro que o impeachment seria inevitável, os estrangeiros despejaram na Bolsa R$ 8,4 bilhões.

    Esse movimento puxou o Ibovespa, principal índice da Bolsa, que teve naquele mês valorização de 17%, a maior alta desde outubro de 2002.

    Mas bastou que Michel Temer assumisse a Presidência interinamente para que os estrangeiros começassem a debandar para lugares que oferecem mais atrativos.

    De saída - Vendas de estrangeiros na Bovespa superam compras em maio<br><br><b>Resultado líquido (entradas menos saídas), em R$ bilhões

    "A grande entrada de capital externo na Bovespa nos meses anteriores não foi de longo prazo. Os investidores fizeram uma aposta em um evento específico [o impeachment] e saíram quando a aposta acabou", afirma Phillip Soares, analista da Ativa Investimentos.

    A Bolsa é sensível a essas migrações porque mais da metade dos investidores (53%) é formada por estrangeiros. E, segundo analistas, esses investidores não veem motivos de médio e longo prazo para continuar com seu dinheiro rendendo em empresas nacionais.

    Muitos acreditam que a Operação Lava Jato derrubará mais ministros de Temer e boa parte da base de apoio do novo governo no Congresso –o que comprometeria a aprovação de medidas para a retomada da economia.

    Por isso, eles preferiram sair neste momento, em que os papéis estão em alta. Muitas ações, como as da Petrobras, valorizaram-se por fatores externos antes da fase pré-impeachment.

    Houve recuperação de preços de matérias-primas –petróleo, particularmente– e sinais de melhora da economia chinesa impulsionaram os negócios de empresas brasileiras que têm na China seus principais compradores.

    Outro fator que levou à debandada dos estrangeiros da Bovespa é a perspectiva de aumento de juros nos EUA.

    Evolução do Ibovespa - Em pontos

    Embora a Bolsa tenha registrado deficit em maio, o saldo acumulado no ano entre entradas e saídas de recursos estrangeiros ainda é positivo em R$ 11,5 bilhões.

    Porém, a tendência é que a Bolsa continue sensível às turbulências externas.

    Além do eventual aumento dos juros nos EUA, no cenário dos analistas estão a votação no Reino Unido, que decidirá pela saída ou permanência na União Europeia, a eleição americana e o desempenho da economia chinesa.

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