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    Autoridades britânicas lutam contra crescente ameaça de extorsão digital

    NICHOLAS MEGAW
    DO FINANCIAL TIMES

    09/06/2016 18h34

    Thinkstock
    Empresas de segurança on-line relatam crescimento do "ransomware"
    Empresas de segurança on-line relatam crescimento do "ransomware"

    As empresas britânicas estão cada vez mais cedendo a extorsões on-line em vez de comunicar os ataques à polícia. Autoridades lutam para responder à crescente ameaça do chamado "ransomware", um vírus que utiliza criptografia para bloquear o acesso dos usuários aos arquivos digitais.

    O uso do computador permanece restrito até que um "resgate" monetário seja pago, muitas vezes em bitcoin, em troca de uma senha de desbloqueio. Os casos de ransomware globais aumentaram quase 170% em 2015. O Reino Unido foi "desproporcionalmente atingido", de acordo com a Intel Security.

    No entanto, uma análise realizada para o "Financial Times" pela ActionFraud, centro para reportar fraude e crime cibernético do Reino Unido, mostrou que o número de casos relatados à polícia no país diminuiu 16% no mesmo período.

    O ransomware é normalmente transmitido por e-mails. Quando uma rede é infectada, ele não pode ser removido como um vírus tradicional.

    Especialistas em segurança temem que os alvos simplesmente paguem os hackers para recuperar arquivos em vez de gastar tempo relatando os crimes às autoridades. Os arquivos criptografados não podem ser desbloqueados a menos que a polícia consiga encontrar os servidores de controle dos criminosos, que ficam geralmente escondidos, podendo estar em qualquer lugar do mundo.

    Raj Samani, diretor de tecnologia da Intel Security para Europa, Oriente Médio e África, disse que "ataques de ransomware estão crescendo em um ritmo alarmante e não mostram sinais de desaceleração".

    "Os serviços de ransomware são surpreendentemente fáceis de serem encontrados on-line a custo muito baixo, permitindo que mesmo criminosos mais amadores ataquem empresas e indivíduos", acrescentou.

    Os criminosos inicialmente focavam em consumidores individuais, mas agora estão se voltando para empresas e organizações governamentais com pedidos de resgate mais altos.

    No início deste ano, os sistemas de TI do Conselho do Condado de Lincolnshire caíram por quase uma semana, quando o órgão se recusou a pagar um pedido de resgate.

    Nos EUA, que enfrentam o maior número de ataques em todo o mundo, um hospital de Los Angeles pagou US$ 17 mil após ataques bloquearem o acesso aos registros eletrônicos dos prontuários.

    O inspetor-chefe Andy Fyfe, do Departamento Nacional de Inteligência e Fraude da Polícia da Cidade de Londres, classificou a ascensão de ataques ransomware como "um problema significativo" tanto no Reino Unido quanto no exterior.

    O ransomware tem menos a ver com a sofisticação tecnológica e mais com a exploração do elemento humano. É uma virada digital em uma velha tática criminal de séculos atrás.

    As pequenas e médias empresas, que são suscetíveis a terem buffers de segurança mais fracos e menos sistemas de backup regular de dados, são particularmente ameaçadas pelos ataques.

    Um relatório de fevereiro sobre ransomware da Bitdefender, empresa de segurança na internet, revelou que quase metade das vítimas inquiridas em toda a Europa e nos EUA cedeu a extorsões, pagando para recuperar dados, mesmo que não houvesse garantia de que os arquivos seriam devolvidos.

    Tanto os grupos de segurança quanto as forças policiais dizem que pagar resgates sustenta modelos de negócios dos criminosos – a família de criptografia de malware Cryptowall gerou cerca de US$ 325 milhões no ano passado, de acordo com o Cyber Threat Alliance, grupo formado por empresas de segurança, como a Intel.

    Funcionários admitiram a dificuldade de combater a ameaça. Um agente do FBI nos EUA disse em uma conferência no ano passado que a criptografia se tornou tão avançada que "para ser honesto, nós, muitas vezes, aconselhamos as pessoas apenas a pagarem o resgate".

    Um porta-voz da UK Home Office incentivou os usuários a denunciarem os ataques à polícia. "Estamos trabalhando com integrantes da indústria para melhorar os padrões de segurança cibernética, tomar medidas para melhorar a conscientização dos consumidores sobre o que podem fazer para se proteger on-line e trabalhar com a aplicação da lei para garantir que o crime seja investigado e os infratores, punidos", disse.

    Tradução de MARIA PAULA AUTRAN

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