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    Dólar avança a R$ 3,48 com exterior e discurso de Ilan; Bolsa sobe

    EULINA OLIVEIRA
    DE SÃO PAULO

    13/06/2016 17h52

    Rafael Neddermeyer/Fotos Públicas
    Novo presidente do BC não deixou claro se haverá ou não novos leilões de compra futura de dólar

    O cenário externo negativo, com temores de saída do Reino Unido da União Europeia e cautela antes das reuniões de política monetária nos EUA e no Japão, derrubou as Bolsas mundiais e os preços do petróleo nesta segunda-feira (13).

    No mercado doméstico, o dólar subiu mais de 1% ante o real, mas a Bolsa também encerrou a sessão em alta. Os juros futuros fecharam perto da estabilidade, enquanto o CDS (credit default swap) brasileiro, indicador de percepção de risco, avançou.

    O dólar comercial fechou em alta de 1,63%, a R$ 3,4870. A moeda americana intensificou a alta após o discurso do novo presidente do Banco Central, Ilan Goldfajn, durante cerimônia de transmissão do cargo nesta tarde.

    Em seu discurso, Ilan afirmou que "sem ferir o regime de câmbio flutuante, o Banco Central poderá utilizar com parcimônia as ferramentas cambiais de que dispõe. Nesse sentido, poderá reduzir sua exposição cambial em determinado instrumento em ritmo compatível com o normal funcionamento do mercado, quando e se estiverem presentes as adequadas condições".

    Na avaliação de Cleber Alessie, operador de câmbio da corretora H.Commcor, Ilan não deixou claro como será a diminuição da posição vendida em dólar do BC, o que contribuiu para a valorização da moeda neste pregão. O estoque de swap cambial (equivalente à venda futura da moeda americana) da autoridade monetária está em cerca de US$ 62 bilhões.

    "O novo presidente do BC deixou no ar como será a redução da posição vendida, ficando aberta a possibilidade de volta dos leilões de swap cambial reverso", afirma Alessie.

    Desde 18 de maio o BC não faz leilões de swap cambial reverso, equivalente à compra futura de dólares pela autoridade monetária.

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    "O BC pode simplesmente deixar vencerem os contratos de swap cambial tradicional, mas isso só saberemos a partir de setembro, quando ocorrem os próximos vencimentos. O estoque referente aos vencimentos de julho e agosto já está zerado", explica o profissional.

    A moeda americana à vista encerrou a sessão com valorização de 1,02%, a R$ 3,4611, antes do discurso do novo presidente do BC.

    JUROS

    No mercado de juros futuros, o contrato de DI para janeiro de 2017 fechou estável em 13,705%, enquanto o contrato de DI para janeiro de 2021 teve leve alta de 12,580% para 12,590%.

    A pesquisa semanal Focus, do Banco Central, realizada junto a economistas e instituições financeiras, voltou a reduzir a previsão de queda da atividade econômica neste ano e a elevar a projeção para a inflação, de acordo com dados divulgados nesta segunda-feira.

    Os economistas consultados pelo BC também elevaram a projeção para a Selic no fim deste ano. A projeção passou de 12,88% para 13%. Para 2017, foi mantida em 11,25%.

    O novo presidente do Banco Central, Ilan Goldfajn, afirmou nesta segunda-feira que seu objetivo será perseguir uma inflação baixa e estável para garantir a recuperação da economia. Afirmou, no entanto, que a eficácia da política monetária dependerá da aprovação das medidas na área fiscal propostas pelo governo.

    O CDS brasileiro, espécie de seguro contra calote, subia 3,04%, aos 353,187 pontos.

    BOLSA

    O principal índice da Bolsa paulista fechou com ganho de 0,48%, aos 49.660,79 pontos, apesar do cenário externo negativo. O giro financeiro foi baixo, de R$ 4,5 bilhões.

    Para um operador do mercado financeiro, o Ibovespa já sofre influência do vencimento de opções sobre o índice, nesta quarta-feira (15), por isso se descolou das demais Bolsas mundiais. Nos pregões que antecedem o vencimento de opções, investidores que apostam na alta ("comprados") ou na queda ("vendidos") do índice "brigam" para prevalecerem suas posições.

    As ações PN da Petrobras perderam 1,82%, a R$ 8,62, e as ON caíram 1,90%, a R$ 10,82, influenciadas pela queda do petróleo no mercado internacional.

    Os papéis da Vale ganharam 1,76%, a R$ 12,11 (PNA) e 1,67%, a R$ 15,20 (ON), com o avanço do minério de ferro na China.

    No setor financeiro, Itaú Unibanco PN ganhou 0,44%; Bradesco PN, +1,66%; Banco do Brasil ON, +0,84%; Santander unit, +1,58%; e BM&FBovespa ON, -1,42%.

    As ações ordinárias da Ultrapar avançaram 4,91%, a R$ 69,19, liderando o ranking de maiores altas do Ibovespa. A distribuidora de combustíveis Ipiranga, controlada pela Ultrapar, anunciou a compra, por R$ 2,168 bilhões, da concorrente Ale, quarta maior empresa do setor.

    EXTERIOR

    Na Bolsa de Nova York, o índice S&P 500 encerrou o pregão em queda de 0,81%; o Dow Jones, -0,74% e o Nasdaq, -0,94%.

    Os investidores aguardam o resultado das reuniões de política monetária do Fed (Federal Reserve, o banco central dos EUA), nesta quarta-feira (15), e do BoJ (banco central japonês) nesta quinta (16).

    Segundo analistas, o maior atentado a tiros nos EUA, que matou pelo menos pessoas em uma boate gay em Orlando, contribuiu para o mau humor nos mercados.

    As ações do LinkedIn subiram 46,64% após anúncio da compra da rede social pela Microsoft por US$ 26,2 bilhões. Os papéis da Microsoft recuaram 2,60%.

    Na Europa, a Bolsas fecharam em baixa com as preocupações em relação ao chamado "brexit", ou seja, a possível saída do Reino Unido da União Europeia, no referendo marcado para o próximo dia 23. A Bolsa de Londres perdeu 1,16%; a de Paris, -1,85%; Frankfurt, -1,80%; Madri, -2,20% e Milão, -2,91%.

    Na Ásia, o índice CSI300, que reúne as maiores companhias listadas em Xangai e Shenzhen, caiu 3,09%, enquanto o índice de Xangai recuou 3,23%. Os investidores reagiram ao crescimento do investimento em ativos fixos na China, que desacelerou para 9,6% entre janeiro e maio na comparação com o mesmo período do ano anterior. O indicador ficou abaixo das expectativas do mercado.

    Em Tóquio, o índice Nikkei recuou 3,51%, a 16.019 pontos.

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