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    Usiminas fecha acordo com bancos privados para pagar dívida em 10 anos

    DE SÃO PAULO

    15/06/2016 16h00 - Atualizado às 17h54

    Carlos Nogueira/A Tribuna de Santos/Folhapress
    Produção de ferro em planta da Usiminas
    Produção de ferro em planta da Usiminas

    A Usiminas está prestes a fechar um acordo com seus credores para refinanciar sua dívida de R$ 7,5 bilhões. Dois terços deles concordaram com o plano da empresa de quitar seus débitos em dez anos, com os pagamentos começando depois do terceiro ano (carência).

    Nesse grupo estão o Banco do Brasil, Itaú, Bradesco. O BNDES ainda não formalizou seu apoio ao programa de refinanciamento.

    No entanto, os bancos só cumprirão o acordo caso os acionistas da Usiminas invistam R$ 1 bilhão na companhia até 22 de julho deste ano.

    A regra também vale para os credores estrangeiros, com quem a companhia negocia nesta quarta (15).

    Com esse acordo, o custo anual da dívida, que era de R$ 900 milhões, deve subir cerca de 3%, ainda considerado aceitável pela companhia. A Usiminas, que teria de pagar cerca de R$ 1,8 bilhão em dívidas vencendo neste ano, poderá respirar por três anos. E em 2019 só pagaria cerca de R$ 400 milhões da dívida renegociada. Com isso, ganharia tempo para que a economia brasileira e o cenário internacional melhorassem, o que ajudaria nas vendas.

    A Folha apurou que, para convencer os acionistas, a Usiminas tambérm propôs a venda de ativos —a Usiminas Mecânica, o edifício sede, a unidade de Cubatão e seu porto— que poderia trazer cerca de R$ 400 milhões para o caixa.

    Representantes da companhia consideram que somente Cubatão —que já teve alto-forno desligado e mais de 2.500 funcionários demitidos— poderia reduzir o prejuízo em pelo menos R$ 300 milhões por ano.

    Com a sinalização da Usiminas, suas ações dispararam. O papel preferencial tinha alta de 13,2% às 13:08, enquanto a ação ordinária mostrava valorização de quase 11%.
    impasse

    O aumento de capital na empresa é um ponto sensível da negociação com os credores porque a CSN, sócia e principal concorrente da Usiminas, se recusa a colocar tanto dinheiro na empresa. Por isso, depositou sua parte em juízo.

    Para a CSN, a Usiminas contingenciou o caixa de sua mineradora Musa, que tem cerca de R$ 1,3 bilhão disponível e não distribui dividendos aos acionistas —justamente os acionistas da Usiminas. Se esses recursos tivessem sido liberados, a empresa não estaria em situação tão delicada.

    Os japoneses da Nippon Steel e os ítalo-argentinos da Ternium —sócios controladores da Usiminas— discordam. Dizem que a companhia está em situação complicada devido à combinação de dois fatores: a queda do preço internacional do aço e a desaceleração da economia da China, principal comprador da Usiminas. Para evitar a "queima de caixa", precisariam colocar dinheiro novo na empresa.

    A CSN considera que se trata somente de uma estratégia dos japoneses de diluir os demais acionistas para tomar o controle da Usiminas.
    cubatão

    Nesta quarta, o Sindicato dos Metalúrgicos da Baixada Santista informou que a companhia começou uma nova rodada de demissões. Desta vez, serão desligados entre 400 a 500 funcionários. A Usiminas confirmou os cortes.

    Em nota, a empresa disse que está ajustando a unidade de Cubatão à "realidade do mercado brasileiro de aço". Nos cinco primeiros meses deste ano, o consumo de aço no país caiu 25,8% em relação ao mesmo período de 2015.

    Para os demitidos, a Usiminas disse que vai conceder benefícios. Um deles é a extensão dos plano de saúde e odontológico por três e seis meses, auxílio alimentação por quatro meses e o seguro de vida por quatro meses.

    JULIO WIZIACK E ANA PAULA MACHADO

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