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    Redução da jornada de trabalho opõe empregados a sindicatos na Petrobras

    NICOLA PAMPLONA
    DO RIO

    17/06/2016 13h14

    Criticada pelos sindicatos, a proposta de redução da jornada de trabalho com corte de salário na Petrobras vem ganhando adesões entre empregados da estatal.

    Formado em 2015, um grupo batizado de Movimento pela Redução da Jornada se articula para defender o tema durante as discussões do acordo coletivo de trabalho da categoria.

    Na semana passada, o diretor de Recursos Humanos, SMS e Serviços da companhia, Hugo Repsold, disse em encontro com trabalhadores que a empresa deve retomar o debate neste ano.

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    Em 2015, a Petrobras propôs reduzir a jornada de oito para seis horas diárias, com corte de 25% nos salários, para empregados da área administrativa. A adesão era opcional.

    A proposta foi rechaçada pelos sindicatos, que dizem aceitar a jornada menor, mas com manutenção dos vencimentos.

    O Movimento pela Redução da Jornada, por sua vez, aceita o desconto no contracheque. Mas quer negociar um percentual menor do que o oferecido inicialmente.

    "Consideramos que essa é uma proposta importante, que aproxima a empresa de práticas já adotadas em outros países e também no Brasil", escreveu o grupo, em artigo no publicado em março no jornal do sindicato.

    No texto, o grupo faz algumas reivindicações: que a redução do salário seja menor que 25%, que benefícios sejam mantidos e que o retorno à jornada normal —e ao salário anterior— seja definido pelo empregado.

    Segundo um dos participantes, o grupo tem hoje 131 pessoas lotadas em prédios administrativos da empresa e chegou a levantar cerca de mil assinaturas em prol da medida em 2015.

    O número não chega a ser expressivo se comparado ao tamanho da empresa, mas mostra que a Petrobras terá aliados na hora de discutir o tema com os sindicatos.

    A empresa tem atualmente 71,8 mil empregados no Brasil e está com um programa de demissão voluntária aberto, com a expectativa de reduzir o quadro em 12 mil pessoas.

    Os empregados estão distribuídos em 13 refinarias, mais de 100 plataformas de produção de petróleo e outras unidades espalhadas pelo país. Mas a proposta valerá apenas para aqueles lotados em áreas administrativas.

    A proposta de redução da jornada faz parte do esforço da Petrobras para cortar custos e sobreviver à crise provocada pelo alto endividamento e pela queda do preço do petróleo.

    "A gente vem propondo redução da jornada há muito tempo, é uma medida que já foi adotada em outros países. Mas sem redução do salário", frisou o presidente do Sindicato dos Petroleiros do Rio, Emanuel Cancella.

    Ele admitiu, porém, que há chances de que a proposta da Petrobras seja incluída no novo acordo coletivo.

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