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    Apesar de turbulência, mercado dá voto de confiança a Temer

    EULINA OLIVEIRA
    ÉRICA FRAGA
    DE SÃO PAULO

    19/06/2016 02h00

    Com um olho no avanço das propostas da nova equipe econômica e outro no cenário internacional, o mercado financeiro resolveu ignorar, por ora, a instabilidade política do governo interino de Michel Temer.

    Apesar da queda de três ministros em cinco semanas e do aparecimento do nome do próprio Temer na delação premiada do ex-presidente da Transpetro Sergio Machado, os preços dos ativos brasileiros tiveram movimentos positivos na última semana.

    O maior temor do mercado é que o processo de impeachment seja cancelado e Dilma reassuma o governo.

    Mas, segundo investidores, suas conversas recentes com políticos indicam que essa possibilidade é remota.

    "O que veio à tona até o momento não é suficiente para inviabilizar o governo Temer", afirma Ignacio Crespo Rey, economista da Guide Investimentos.

    O dólar recuou de R$ 3,46 para R$ 3,42, na semana passada, e a Bolsa subiu em quatro de cinco sessões. A percepção de risco de calote da dívida -medida pelo "credit default swap"- caiu na maior parte do tempo.

    O movimento contrasta com os últimos meses da gestão de Dilma Rousseff quando qualquer ruído político era suficiente para derrubar a Bolsa e desvalorizar o real.

    Segundo analistas, a leitura agora é que, desde que as delações não afetem a votação do impeachment, a tendência é que pelo menos parte das medidas propostas pela equipe do ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, seja aprovada e ajude a tirar a economia do atoleiro.

    A votação mais aguardada por investidores, no curto prazo, é a da PEC (Proposta de Emenda Constitucional) que limita os gastos públicos. Mas o presidente interino já obteve no Congresso a aprovação da meta fiscal e da DRU (que flexibiliza gastos).

    Do lado do exterior, o que afetou os indicadores foi a percepção, nos últimos dias, de que o Reino Unido talvez escolha, em referendo na próxima quinta (23), permanecer na União Europeia. Isso reduziria o risco de um agravamento da debilidade econômica que afeta a Europa desde a crise financeira de 2008.

    Apesar da reação positiva do mercado nas últimas semanas, a cautela é mantida, principalmente entre investidores estrangeiros, que preferem aguardar que o cenário político se torne mais claro.

    Além disso, grandes bancos estrangeiros decidiram evitar grandes operações de qualquer tipo até a próxima quinta, de olho na Europa.

    Essa cautela tem se refletido em volumes mais baixos de negociação de ativos como ações. Na Bolsa, o giro financeiro diário caiu para

    R$ 6,64 bilhões em maio, ante R$ 8,34 bilhões em abril e R$ 9,19 bilhões em março.

    Outro sinal de preocupação é a oscilação dos preços dos ativos (volatilidade), que, embora abaixo da registrada antes do afastamento de Dilma, continua alta.

    Volume financeiro negociado na Bolsa - Média diária, em R$ bilhões

    Volatilidade da Bolsa* - Em %

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