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    Restaurante a R$ 1 vira opção até para quem não perdeu o emprego

    MARIANA CARNEIRO
    DE SÃO PAULO

    20/06/2016 02h00

    Danilo Verpa/Folhapress
    Djalma Gomes Pereira, 32, passou a viver com uma renda menor e agora come no Bom Prato a R$ 1,00
    Djalma Gomes Pereira, 32, passou a viver com uma renda menor e agora come no Bom Prato a R$ 1,00

    Dono da maior desigualdade de renda do Sudeste, São Paulo assistiu a um aumento acelerado do fosso entre os ricos e os pobres desde o final de 2014.

    Entre o primeiro trimestre de 2015 e o início deste ano, a desigualdade entre os paulistas que estão na força de trabalho (empregados e desempregados) registrou um aumento de 4,3%.

    O desempenho está associado à elevação do desemprego, que começou a piorar em 2013. A crise na indústria de transformação, importante gerador de vagas com carteira assinada, pode ser um dos fatores que contribuem para o desemprego.

    DESEMPREGO
    Nível de pessoas sem trabalho cresce no país

    Ana Maria Barufi, do Bradesco, porém, diz que o comportamento de São Paulo tende a ser semelhante ao do país, uma vez que se trata da maior economia brasileira.

    O vendedor Djalma Gomes Pereira, 32, não perdeu o emprego, mas viu na crise a necessidade de economizar.

    No segundo mandato de Dilma Rousseff, por força da alta da inflação, o rendimento médio da força de trabalho recuou 9,75% no país e 6,5% em São Paulo.

    Há sete meses, Pereira decidiu experimentar o restaurante popular que fica a duas quadras do trabalho, em Santana (zona norte de SP).

    No local, em vez dos R$ 16 por dia que gastava no boteco ao lado do trabalho, passou a despender R$ 1.

    Danilo Verpa/Folhapress
    Rejane Araujo
    Rejane Araújo em restaurante Bom Prato, em SP

    "Vi que a situação tava difícil, né? Além do mais, a comida aqui é saudável, até emagreci", disse.

    No boteco onde ele almoçava, as analistas de tele-atendimento Caroline Alves, 23, e Renata Carvalho, 38, dividiam uma refeição. Antes era uma para cada uma. Quando o vale-refeição acaba, elas também recorrem ao restaurante popular.

    "O vale dura até o dia 20. A comida subiu muito, e isso acaba encarecendo os restaurantes também", afirma Carvalho.

    Ela viu a cunhada perder o emprego há duas semanas. Alves diz que a comadre também foi demitida.

    De acordo com Barufi, a reversão na alta desigualdade e na queda da renda depende da recuperação do emprego.

    "Com uma retomada da economia, se ela de fato ocorrer, a gente pode ver uma reversão desse processo."

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