• Mercado

    Sunday, 19-May-2024 22:59:14 -03

    Brasil vai exportar urânio enriquecido pela primeira vez

    BRUNO VILLAS BÔAS
    DO RIO

    21/06/2016 15h49 - Atualizado às 18h13

    Luciana Whitaker/Folhapress
    Centrais nucleares Angra I e Angra II, em Angra dos Reis (RJ)

    A INB (Indústrias Nucleares do Brasil) vai exportar, pela primeira vez, urânio enriquecido. O destino será um reator nuclear de pequeno porte na cidade de Lima, localizada ao norte de Buenos Aires, na Argentina.

    O contrato de exportação, de US$ 4,5 milhões, foi assinado no início do mês com a estatal argentina Conuar e envolve quatro toneladas de pó de UO2 (dióxido de urânio), informou João Carlos Tupinambá, presidente da INB.

    Essas quatro toneladas são divididas em três lotes com diferentes teores de enriquecimento: 1,9%, 2,6% e 3,1%. Quanto maior o teor, mais "calórico" é o urânio enriquecido na fábrica da INB em Resende, município na região Sul fluminense.

    Desde 2002 a unidade enriquece o urânio extraído de uma mina no município de Caitité, na Bahia. Esse produto enriquecido abastece atualmente o reator da usina nuclear Angra I, em Angra dos Reis, no litoral do Rio.

    "O Brasil domina o ciclo de enriquecimento de urânio", disse Tupinambá.

    Segundo ele, a exportação seria de sobras da produção e não vai afetar o abastecimento da usina nuclear de Angra dos Reis. A fábrica atende atualmente 40% da demanda de Angra I.

    O produto será transportado por caminhões até Uruguaiana, no Rio Grande do Sul, que faz fronteira com a Argentina.

    "Esse transporte precisa ser com acompanhamento da Polícia Rodoviária Federal informou que, por causa do deslocamento de pessoal para o Rio, por causa das Olimpíadas, talvez isso só seja possível em setembro", disse ele.

    Para concluir a exportação, a INB depende de autorização do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação. A autorização do Ministério das Relações Exteriores foi concedida nesta terça-feira (21).

    Além do Brasil, o urânio é enriquecido apenas por outros 11 países. A tecnologia utilizada na INB é de ultracentrifugação para enriquecimento isotópico do urânio, desenvolvida pelo Centro Tecnológico da Marinha em São Paulo (CTMSP).

    Fale com a Redação - leitor@grupofolha.com.br

    Problemas no aplicativo? - novasplataformas@grupofolha.com.br

    Publicidade

    Folha de S.Paulo 2024