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    Governo reconhece que pode colaborar em eventual plano de venda da Oi

    GUSTAVO URIBE
    DE BRASÍLIA

    21/06/2016 18h10

    Nacho Doce/Reuters
    Logo da Oi em shopping em São Paulo
    Logo da Oi em shopping em São Paulo

    O governo federal reconheceu nesta terça-feira (21) que poderá ajudar na elaboração de um plano de venda da operadora Oi, que entrou na segunda-feira (20) com pedido de recuperação judicial após fazer uma dívida de R$ 65,4 bilhões.

    Segundo o ministro da Casa Civil, Eliseu Padilha, caso a empresa de telecomunicações solicite auxílio, o BNDES e o Banco do Brasil poderão ajudar na elaboração de um plano de venda com o objetivo de recuperar os empréstimos feitos à companhia privada e impedir demissões em massa.

    Oi pede recuperação judicial
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    O ministro negou, no entanto, que o Palácio do Planalto possa fazer uma interferência ou qualquer aporte financeiro para socorrer a empresa de telefonia. Segundo a Folha apurou, o Palácio do Planalto tem tentado encontrar um comprador estrangeiro, mas, até o momento, não teve sucesso.

    "Toda grande fonte de trabalho e de empregos interessa muito ao governo federal, porque estamos vivendo um momento de dificuldades. Até o momento, não há nenhuma manifestação no sentido de interferir diretamente, mas, por certo, nossos agentes do sistema financeiro nacional estarão prontos a prestar uma colaboração no sentido de intermediar e preparar um projeto de buscas de parcerias se for o caso para a empresa. Não há, no entanto, hipótese do governo entrar com recursos financeiros neste caso", disse.

    A Oi é a maior operadora do Brasil em telefonia fixa, empatada com a Vivo (cada uma tem participação de 34,4%), e a quarta em celular, com 18,6% do mercado. O BNDES, o Banco do Brasil e a Caixa são os maiores credores individuais da empresa privada.

    A maior parte da dívida da companhia de telefonia é financeira (cerca de R$ 50 bilhões). Entram ainda na conta cerca de R$ 14 bilhões em contingências —como multas da Anatel e discussões judiciais— e cerca de R$ 1,5 bilhão para fornecedores.

    Da dívida financeira, cerca de 70% são em moeda estrangeira e boa parte vence neste ano. Somente no primeiro trimestre, a empresa queimou R$ 8 bilhões do caixa, a maior parte para honrar parte desses compromissos.

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    A JORNADA DA OI

    1998
    Consórcio Telemar arremata teles do Rio e de outros 15 Estados na era das privatizações de FHC. Em 2002, empresa adota o nome Oi e entra na telefonia celular

    2005
    A operadora paga R$ 5,2 milhões por 30% da Gamecorp, controlada por um dos filhos de Lula e por Jonas Suassuna, dono do sítio em Atibaia (SP) frequentado por Lula

    2008
    Durante seu segundo mandato, o então presidente Lula altera a Lei Geral de Telecomunicações do país, permitindo assim que a Oi comprasse a Brasil Telecom

    2009
    Pela aquisição da Brasil Telecom, a Oi desembolsa R$ 5,8 bilhões. Com isso, a dívida da companhia salta de R$ 12 bilhões para R$ 21 bilhões em um curto espaço de tempo

    2010
    O então presidente Lula consegue convencer o governo português a permitir a entrada da operadora Portugal Telecom (PT) no bloco de controle da Oi no Brasil

    2012
    A Oi tenta convencer uma conselheira da Anatel a votar a seu favor para conseguir assegurar a compra da Brasil Telecom

    2013
    A Oi se funde com a PT e passa a atuar no Brasil, Portugal e África. A operação injeta R$ 14 bilhões na companhia

    2014
    Uma dívida de 837 milhões de euros da Portugal Telecom obriga a Oi a vender a própria PT para a francesa Altice por R$ 23,6 bilhões. O negócio não incluiu ativos da PT na África

    2015
    A dívida da Oi ultrapassa a barreira dos R$ 50 bilhões, e a operadora recebe uma proposta de um fundo russo disposto a ser maior acionista da empresa desde que ela se funda com a TIM

    2016
    Junto com outras do setor, a Oi tenta mudar a legislação e renegociar multas aplicadas pela Anatel. A empresa valia, então, menos de R$ 2 bilhões na Bolsa de SP

    2016
    Junto com outras do setor, a Oi tenta mudar a legislação e renegociar multas aplicadas pela Anatel. A empresa valia, então, menos de R$ 2 bilhões na Bolsa de SP

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