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    Grupos estrangeiros estudam comprar a Oi após recuperação

    JULIO WIZIACK
    DE SÃO PAULO

    22/06/2016 02h00

    Nacho Doce/Reuters
    Logo da Oi em shopping em São Paulo
    Logo da Oi em shopping em São Paulo

    A Oi nem bem começou a montar seu plano de recuperação e já se depara com turbulências. Quem trabalha com isso na companhia acredita que, agora, será mais fácil negociar com credores e sair do buraco. Mas há também quem defenda a entrada de um novo investidor que traga, pelo menos, R$ 8 bilhões em dinheiro novo.

    A Folha apurou que existem conversas –ainda não oficiais– entre acionistas e um grupo formado por um operador e investidores financeiros estrangeiros. A reportagem ainda não obteve os nomes. Esse grupo entraria como acionista, desde que a renegociação com os credores fosse bem sucedida.

    Detalhamento da dívida - Em R$ bilhões

    A reportagem também apurou que o bilionário egípcio Naguib Sawiris está interessado na compra do controle da Oi. Ele também pretende fazer negócio depois de concluída a renegociação entre a operadora e seus credores.

    Mas pessoas próximas a ele afirmam que ele também poderia apresentar uma proposta simultaneamente à renegociação. Para ele, não faria sentido uma oferta de compra caso os credores não dessem menos de 65% de desconto no valor da dívida da companhia.

    Oi pede recuperação judicial
    Veja últimas notícias sobre a operadora

    Em janeiro de 2014, Sawiris afirmou à Folha que pretendia adquirir a TIM, em um momento em que na matriz –a Telecom Italia– uma parte do conselho de administração queria vender a TIM e outra resistia. Hoje, o cenário mudou completamente.

    O conselho da Telecom Itália tem maioria do grupo de mídia francês Vivendi, que estuda vender a TIM em um cenário mais vantajoso.

    Sawiris, ainda segundo apurou a reportagem, gostaria de propor uma fusão entre a Oi e a TIM. Para ele, dinheiro não é um problema. Ele é o segundo homem mais rico do Egito e comanda a Global Telecom, empresa formada pela fusão da Orascon, de sua família, com a russa Vimpelcom.

    Financeira - Em %

    Principais credores - Em R$ bilhões

    Sawiris não retornou até o fechamento desta edição.

    Os planos do empresário egípcio não são diferentes do bilionário russo Mikhail Fridman que, antes da recuperação judicial da Oi, propôs se tornar seu maior acionista colocando até US$ 4 bilhões na companhia desde que ela se fundisse com a TIM. Mas a Oi não conseguiu convencer a Telecom Italia, que via no endividamento da companhia um grande problema.

    A Oi diz que está focada na elaboração do seu plano de recuperação e que não recebeu nenhum contato de interessados em comprá-la ou se tornar acionista.

    Principais acionistas - Em %
    p(folhagraficos). O mercado de telefonia fixa - Em % de linhas ativas
    p(folhagraficos). O mercado de telefonia móvel - Em % de linhas ativas

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    1 O que é recuperação judicial?

    É uma proteção dada a empresas que não conseguem pagar suas dívidas, para evitar que credores peçam a falência delas

    Veja o vídeo

    2 Qual a vantagem para a empresa?
    Ela pode continuar funcionando normalmente —na falência, ela seria fechada e seus bens vendidos para pagar os credores

    3 Clientes são afetados?
    Não. Em nota, a Anatel informou que adotará "ações específicas de fiscalização que assegurem a manutenção das condições operacionais das empresas e a proteção dos usuários". A agência, porém, não explica quais seriam essas ações.

    Segundo Hugo Filardi Pereira, sócio do setor de direito do consumidor do Siqueira Castro Advogados, o único cliente que pode ser afetado é aquele que tem ação contra a operadora —alguém que processou por danos morais ou por cobrança indevida, por exemplo.

    Neste caso, a ação ficará interrompida por 180 dias após o deferimento do pedido de recuperação judicial. "Imagina-se que, durante esse prazo, o plano de recuperação será ou não aprovado pela assembleia de credores e, depois disso, a empresa terá mais tranquilidade financeira", diz.

    Em nota, o Procon-SP esclarece que o serviço à população não pode ser prejudicado e orienta ao consumidor, se observar falhas ou problemas por parte da operadora, a registrar reclamações e denúncias junto ao órgão de defesa do consumidor de sua cidade e à Anatel.

    "A empresa deve manter o fornecimento do serviço e o atendimento ao consumidor, principalmente no que se refere a cancelamento e portabilidade."

    4 E os acionistas?
    Sim. Quando a empresa tem ações em Bolsa, as negociações com esses papéis ficam suspensas assim que é feito o pedido à Justiça. A Bolsa informou que a negociação dos papéis ficará suspensa até 11h.

    A BM&FBovespa informou nesta terça-feira (21) que as ações ordinárias e preferenciais da Oi serão retiradas de todos os índices de ações dos quais os papéis fazem parte atualmente —Índice Brasil Amplo (IBrA) o Índice Brasil 100 (IBrX 100); o Índice de Governança Corporativa Trade (IGCT); o Índice de Ações com Governança Corporativa Diferenciada (IGC); o Índice de Sustentabilidade Empresarial (ISE); e o Índice Small Cap (SMLL).

    Ao fim do pregão de hoje, a Bolsa vai realizar um procedimento especial de negociação para determinação do preço de retirada dos papéis dos índices de ações. Esse procedimento terá início às 16h e duração mínima de uma hora.

    Também hoje, após o encerramento do pregão regular, as carteiras teóricas dos índices serão rebalanceadas, com exclusão das ONs e PNs da Oi

    5 Quais os próximos passos?
    * Não há prazo para que o juiz analise o pedido e autorize a recuperação —mas, em geral, a decisão sai em na média cinco dias
    * Se o pedido for aceito, a empresa tem 60 dias para apresentar um plano detalhado de como vai saldar suas dívidas (forma de pagamento, prazos, de onde virá o dinheiro)
    * Se o plano não for apresentado, o juiz decreta falência
    * Apresentado o plano, os credores têm 30 dias para se manifestar; se não concordarem, há nova decisão em assembleia em até 6 meses
    * Aprovado o plano, a empresa precisa cumprir todas as obrigações previstas em um prazo de 2 anos, a não ser que negocie alterações
    * Se os credores não aceitarem o plano, a empresa vai à falência

    6 Quem fiscaliza a empresa?
    Ela presta contas ao juiz e aos credores todos os meses

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