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    Reajuste do funcionalismo não contradiz corte de gastos, diz Meirelles

    MARIANA CARNEIRO
    DE SÃO PAULO

    23/06/2016 13h38

    O ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, rejeitou a ideia de que o governo dá sinais contraditórios no propósito de conter gastos quando, ao mesmo tempo, concede reajustes ao funcionalismo e renegocia a dívida dos Estados.

    Segundo Meirelles, o reajuste do funcionalismo prevê uma correção abaixo da inflação.

    "Qual a razonabilidade de bloquear isso a qualquer custo quando temos coisas maiores entrando no pipeline? Esse aumento é menor do que a inflação e os gastos com pessoal vai cair em termos reais [descontada a inflação] pela primeira vez em muitos anos", afirmou.

    "É um projeto realista, não é nada contra [a ideia] predominante", disse. "Um congelamento nominal duraria uma semana, pararia o país, as empresas parariam."

    Sobre o acordo com os Estados, Meirelles disse o intuito era "fazer algo eficaz".

    "O problema fiscal não é só do governo federal", afirmou.

    Meirelles afirmou que muitos Estados estavam pagando menos do deveriam, por força de uma liminar concedida pelo STF e que aplicava juros simples nas dívidas estaduais com a União. Isso pressionou por uma solução com os Estados, uma vez que imlicava, em suas palavras, em "um custo na casa dos milhões por mês à União".

    O ministro disse que os Estados deverão fixar o mesmo limite para o crescimento de gastos proposto pela União, adotando como correção a inflação do ano anterior.

    Meirelles disse que evitaria fazer previsões próprias sobre o início da medida.

    "Avaliações otimistas falam em dois a três meses para a aprovação. Pessimistas falam em até o fim do ano para valer no ano que vem. Não vou fazer previsão, o importante é levar a mensagem a todos de que precisa ser aprovado."

    O ministro defendeu o fim das vinculações de gastos em saúde e educação à receita e disse que a reforma da previdência será tratada em uma "discussão própria".

    "É [uma reforma] complexa e foi discutida no mundo inteiro de maneira abrangente. Está sendo endereçada. A primeira medida foi levar a secretaria da Previdência para a Fazenda. Por quê? Porque a reforma da previdência é parte do ajuste fiscal."

    INTERINIDADE

    Meirelles falou para uma plateia de cerca de 400 pessoas em evento organizado pela Febraban (federação dos bancos), em São Paulo. O tom do seu discurso foi defender o que classificou de "soluções" para o principal problema econômico do país, que é a questão fiscal.

    Ao defender o fim das vinculações em educação e saúde, Meirelles afirmou que a medida não vai reduzir os gastos para essas áreas e que o teto seria inócuo sem o controle dessas despesas.

    "Não podemos começar quebrando o país. O problema da educação não é a quantidade de gastos como proporção ao PIB,o problema é a qualidade".

    O ministro disse ainda que suas propostas não levam em conta o resultado do processo de impeachment da presidente afastada Dilma Rousseff, pelo Senado.

    Ex-presidente do Bank Boston e ex-executivo do J&F, Meirelles afirmou aos seus pares, dos setor bancário, que aceitou a proposta para integrar a equipe de Michel Temer "não para fazer um projeto de governo mas para o país, de longo prazo".

    "Quem estará aqui em três meses, três anos ou dez anos não importa. Estou cumprindo minha missão agora."

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