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    Empresas sazonais precisam reservar verba para o verão

    REINALDO CHAVES
    COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

    26/06/2016 02h00

    Empresas especializadas no inverno, como algumas lojas de roupas e restaurantes, comemoram a chegada da estação –que neste ano vai até 22 de setembro. Elas, porém, enfrentam o desafio de se manter de pé no resto do ano, quando o faturamento cai.

    Segundo consultores e empresários ouvidos pela Folha, o único caminho para resolver o problema é muito planejamento.

    É isso que faz o restaurante Lá na Roça, de São Bento do Sapucaí (SP), perto da divisa com Minas Gerais, na serra da Mantiqueira –os termômetros da cidade já marcaram zero grau neste ano.

    O proprietário, Vital José de Barros Netto, 44, afirma que no inverno o volume de clientes chega a dobrar, com pessoas atraídas pelo frio da serra e pelas receitas quentes do cardápio –entre os pratos da casa estão o quirera com suã (uma canjiquinha com parte da espinha do porco), a galinhada e diversos tipos de caldinhos.

    Já em tempos de calor, principalmente após o Carnaval, a clientela diminui. Segundo Netto, alguns itens têm venda menor durante esse período.

    Para minimizar o impacto, ele faz um controle de fluxo e gastos rigoroso, além de reservar parte do faturamento de inverno para cobrir desequilíbrios de caixa.

    "Uma parte disso é acompanhar também a previsão do tempo para evitar compras desnecessárias. Por exemplo, com chuva o movimento cai bastante", ressalta Netto. Além disso, o menu muda no calor e privilegia opções menos pesadas, como carne de lata e frango caipira.

    OUTROS ALVOS

    Especializada no comércio de roupas e acessórios para o frio, a Tchê Inverno (que vende pela internet e tem uma loja em Brasília) tem um aumento de 300% nas vendas durante o período de temperaturas baixas, diz o porta-voz da empresa, Angelo Vieira Dias, 26.

    Os itens mais procurados são malhas térmicas, casacos de lã, luvas e calças e jaquetas impermeáveis.

    Assim, a empresa também reserva parte dos ganhos do inverno para usar no verão. "Isso nos permite manter as atividades normais, como o uso da verba de publicidade e a renovação dos estoques em datas que antecedem o tempo frio", afirma Dias.

    A empresa tem mais de mil itens à venda, por isso um dos maiores controles é feito no estoque. São cruzados dados de histórico de vendas, previsão meteorológica e pesquisas de mercado para decidir o que comprar.

    Para manter as vendas, a marca passou a focar também em brasileiros que viajam para países frios. Segundo Dias, é comum no Brasil deixar para a última hora as compras de inverno. Já quem viaja costuma se planejar mais. "Esse perfil de alguma forma se previne pois já sabe qual temperatura vai enfrentar. É uma venda mais segura", diz.

    Assim, a empresa investe em propagandas na internet para conseguir ser vista pelo público o ano todo. Isso é feito principalmente em dezembro e janeiro, quando faz mais frio na Europa e nos Estados Unidos e mais pessoas viajam em férias.

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    COMO SE PREPARAR

    CAPITAL DE GIRO
    Na época de bonança, controle os custos de fornecedores, impostos, salários, de financiamento aos clientes (nas vendas a prazo), estoques e demais custos e despesas operacionais

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    RESERVA DE FATURAMENTO
    Baseado no seu histórico de faturamento no ano e em suas metas, reserve uma parte do dinheiro ganho no inverno para cobrir possíveis diminuições de vendas

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    SEM RETIRADAS EXTRAS
    Não caia na tentação da conta- corrente gorda. Não faça retiradas extras de lucros. E principalmente não confunda o caixa da empresa com suas despesas pessoais

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    PREVISÃO DO TEMPO
    Nem sempre o inverno no Brasil é rigoroso ou mantém temperaturas baixas em toda sua duração. Antes de fazer investimentos vale checar a previsão do tempo

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    MUDE, MAS NEM TANTO
    Adaptar produtos e serviços para épocas de mais calor é uma boa pedida, mas não desvirtue a finalidade de sua empresa nem faça investimentos caros demais para essa mudança

    Fontes: 4blue e Sebrae-SP

    Edição impressa
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