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    Plebiscito britânico

    Serra quer negociar acordos com britânicos após Brexit

    PATRÍCIA CAMPOS MELLO
    MARIANA CARNEIRO
    DE SÃO PAULO

    25/06/2016 02h00

    Pedro Ladeira - 25.mai.2016/Folhapress
    O ministro José Serra, das Relações Exteriores; ele afirma que irá negociar um acordo bilateral
    O ministro José Serra, das Relações Exteriores; ele afirma que irá negociar um acordo bilateral

    A saída do Reino Unido da União Europeia (UE) é mau sinal e pode atrasar a abertura comercial que o Mercosul negocia com o bloco europeu. A expectativa do governo brasileiro era acelerar as conversas nos próximos meses.

    O Reino Unido era o país de peso que mais defendia o acordo e, em todos os momentos decisivos, pressionou pelo avanço das negociações.

    Sua posição é considerada mais favorável ao livre comércio do que a dos europeus que temem a entrada dos produtos agrícolas sul-americanos, como Irlanda e França. Assim, sem os britânicos, a negociação pode complicar.

    Segundo fonte do governo brasileiro ouvida pela Folha, os próximos passos ainda não foram definidos porque ninguém esperava a separação, e isso deixou os negociadores em choque. Um dos medos é o efeito dominó que o Brexit pode causar, com a saída da Escócia do Reino Unido e de mais países da UE.

    O ministro José Serra (Relações Exteriores) afirmou nesta sexta-feira (24) que pretende iniciar um acordo paralelo entre Brasil e Reino Unido. Na sua avaliação, isso pode ajudar nas negociações entre Mercosul e UE.

    "Preferiria que não tivesse havido a ruptura, mas, já que houve, precisamos fixar estratégias na política comercial externa; mudou o quadro, revisa a estratégia", disse Serra.

    "Negociar com a Inglaterra separadamente, como faremos, irá, de alguma maneira, estimular a UE a negociar conosco. Portanto, tem efeitos em ambas as direções, que são matizados".

    Indagado se a UE não ficaria mais resistente, Serra afirmou: "Pelo contrário, incentiva a negociar; se você está negociando com um parceiro que tem várias opções, você automaticamente fica mais empenhado".

    Negociadores brasileiros temem, porém, que a estratégia caia como um balde de água fria na UE. A avaliação é que o Mercosul deve negociar ou com os europeus ou com os britânicos neste momento.

    Para José Augusto de Castro, presidente da AEB (Associação de Comércio Exterior do Brasil), a saída do Reino Unido "certamente atrasará as negociações". As atenções da UE, antes voltadas ao Mercosul e ao Tratado do Atlântico, se concentrarão na reconstrução com o Reino Unido.

    A pesquisadora Lia Valls Pereira, da FGV, diz que a UE tem primeiro que informar ao Mercosul se prosseguirá com a mesma posição, mesmo sem o Reino Unido.

    "Não atrasar em nada [o cronograma com o Mercosul] significaria dizer que a União Europeia continuará a negociar sem o Reino Unido. Isso ainda não se sabe", disse.

    O Reino Unido não é um mercado relevante para as exportações brasileiras. Representa 1,5% do que o Brasil vende ao exterior e concentra-se em produtos primários: ouro, café e soja.

    Os efeitos do Brexit sobre o Brasil são indiretos. A ruptura aumenta as incertezas sobre a recuperação da economia europeia e afeta os preços das commodities vendidas pelo Brasil no exterior.

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