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    Família quer virar sócia majoritária na Estácio e impedir venda para Kroton

    JOANA CUNHA
    DE SÃO PAULO

    26/06/2016 02h00

    Mariana Martins/Folhapress
    Chaim Zaher, da família Zaher, segunda maior acionista da Estácio
    Chaim Zaher, da família Zaher, segunda maior acionista da Estácio

    Segunda maior acionista da Estácio, com aproximadamente 13% de participação, a família Zaher não vai deixar a rede de ensino fluminense ser vendida à gigante Kroton sem tentar suas últimas cartadas.

    Representada por seu assessor financeiro, Nelson Rocha Augusto, a família tem conversado com bancos e pretende oferecer cerca de R$ 2 bilhões aos fundos que são acionistas da Estácio em troca de elevar a participação familiar para 51% e impedir a venda à Kroton, segundo a Folha apurou.

    Nas últimas semanas, a Kroton, líder no mercado brasileiro de ensino superior, e a Ser Educacional, nona no ranking, tornaram públicos os seus interesses em se juntar à Estácio.

    A Kroton começou com uma proposta em que as duas empresas se fundiriam e os atuais acionistas da Estácio receberiam ações da Kroton. Cada ação com voto da Estácio valeria 0,977 da ação da líder do setor.

    Como a relação foi considerada insuficiente pela Estácio, a Kroton elevou o número para 1,25 ação de sua emissão por papel da rival. Mas ainda ficou longe do 1,6 que a família gostaria de alcançar ou do 1,4 que poderia ser considerado meio-termo.

    A proposta da Ser previa a combinação das duas redes, criando uma companhia de R$ 5,9 bilhões em que os acionistas da Estácio teriam juntos quase 69% da nova empresa e os outros 31% ficariam com a Ser -22% nas mãos do principal acionista e fundador da Ser, Janguiê Diniz.

    Foi aí que também começaram as dificuldades com a Ser: definir quem ficaria com o comando da empresa.

    A presidência da Estácio hoje é ocupada por Chaim Zaher, empresário de perfil agressivo com décadas de experiência no setor. Comprou o COC, que era uma rede de colégios administradas por professores, na década de 1980. Em 1999, fundou as Faculdades COC, que originaram a Uniseb, constituída em 2011 e depois vendida ao grupo Estácio por R$ 615 milhões.

    INSATISFEITO

    Nem a proposta da Ser nem a da Kroton agradaram à família Zaher, que a interlocutores também expressa o desejo de, ela própria, comprar outra instituição.

    O problema é que os outros sócios da Estácio, investidores institucionais que também têm papéis da Kroton, já deram sinais de que estão de acordo com a união com líder do setor, que criaria uma instituição com mais de 1 milhão de matrículas de graduação.

    Analistas do setor consideram que a fusão da Estácio com a Kroton enfrentaria restrições do Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica). A expectativa de que o órgão imponha entraves é menor se o acordo for fechado com a Ser.

    A OAB do Rio de Janeiro já entrou com uma denúncia no Cade neste mês contra a possível junção Estácio/Kroton.

    Procurados, Estácio e Zaher não se manifestaram.

    ESTÁCIO - COMPOSIÇÃO ACIONÁRIA

    Oppenheimer - 17,07%
    Coronation Fund Managers - 10,28%
    Chaim Zaher - 8,84%
    Capital Group - 8,11%
    Brandes Investment - 5,02%
    BlackRock - 4,95%
    Lazard - 4,67%
    Adriana Zaher - 4,00%
    Outros - 37,06%

    RAIO-X ESTÁCIO/1º.TRI 2016
    Receita Líquida - R$ 793 milhões
    Lucro líquido - R$ 128,5 milhões
    Dívida líquida - R$ 568,9 milhões
    Número de matrículas - 409.586 (2014)

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