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    Guia da Micro, Pequena e Média Empresas (MPME)

    Pequenas empresas de produtos vegetarianos crescem 40% ao ano

    ANNA RANGEL
    DE SÃO PAULO

    04/07/2016 02h00

    Luiz Carlos Murauskas/Folhapress
    SAO PAULO, SP, BRASIL, 29-06-2016 10h51: * Alexandre Borges, 42, dono da fábrica da Mãe Terra, uma das empresas produtoras de alimentos vegetarianos.. O MPME desta semana vai abordar o mercado de produtos vegetarianos, de alimentos a cosméticos e suplementos alimentares. ( Foto: Luiz Carlos Murauskas/Folhapress, FOTO-FSP ) ***RESTRICAO***
    Alexandre Borges, 42, dono da fábrica da Mãe Terra, que produz alimentos vegetarianos

    O mercado de produtos vegetarianos, sem carne, ou veganos, que não usam qualquer tipo de ingrediente animal, tem crescido com o maior interesse em uma alimentação mais saudável.

    Empresários do setor consultados pela Folha apontam alta da ordem de 40% nas vendas no último ano.

    A Mr. Veggy, especializada em alimentos congelados, saiu de um faturamento de R$ 15 mil em 2009 para uma estimativa de R$ 1,9 milhão até o fim deste ano.

    "No Brasil, é forte o consumo de carne, mas já se ouve falar mais do vegetariano", diz Mariana Falcão, 33, que fundou a companhia. "Crescemos mais de dez vezes nos últimos oito anos", afirma.

    Juliana Berbert, consultora do Sebrae (Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas), diz ser uma tendência desta década "que veio para ficar".

    A Surya, do setor de beleza e cuidados pessoais, se tornou vegana há dez anos como consequência da adoção desse estilo de vida pela sua proprietária, Clélia Angelon, 67. Mas foi apenas recentemente que a empresária viu um interesse específico nesse tipo de produto.

    "Naquela época, isso não fazia diferença para o cliente. Foi agora que começamos a ver uma procura, até por questão de saúde", diz.

    Os itens da Surya, como a henna em pó (R$ 21,45) para coloração dos cabelos, também são exportados para países como EUA e Japão.

    Já o empresário Alexandre Borges, 32, comprou a Mãe Terra em 2008 e, no último ano, estima que ela cresceu 40%. "Tenho uma paixão muito grande pelo segmento, e vi que era uma grande oportunidade de negócio."

    A empresa, que fabrica farinhas, cereais e biscoitos orgânicos, usa um único ingrediente animal: o mel.

    Recentemente, os produtos da marca passaram a ser oferecidos nos voos da Gol.

    "A gente quer atingir um público que não é vegetariano, mas pode ser simpático a uma alimentação baseada em plantas", explica Borges.

    WHEY VEGANO

    Leandro Duarte, 27, da Natural Science, criou uma linha de suplementos com proteína de arroz e ervilha, depois que comprou por R$ 35 mil uma empresa que usava proteína animal.

    São dez produtos, de "whey protein" vegano a "queijo" com base de mandioquinha. "A ideia inicial era direcionar para intolerantes à lactose, mas eu mesmo me tornei vegetariano, e passamos a focar isso", diz.

    Duarte estima que 60% dos seus clientes são consumidores de carne que buscam também opções saudáveis.

    Os planos de expansão das empresas do setor são parecidos: conquistar espaço nos grandes supermercados e aumentar o número de produtos. Para crescer, elas investem em divulgação em redes sociais e em degustações nos pontos de venda.

    Segundo Berbert, esse público é bem informado. O empreendedor deve passar confiança em seus produtos. "Não é possível fazer as coisas mais ou menos", diz.

    O principal problema para quem pretende entrar nesse ramo, segundo Berbert, é que a demanda ainda está em formação. Assim, é preciso ter cuidado para não antever um volume de vendas que não se sustenta na prática.

    Para o professor Claudio Gonçalves, da Fecap (Fundação Escola de Comércio Álvares Penteado), a alta do mercado está associada ao ganho de renda, já que os produtos costumam custar mais que versões de origem animal.

    Para entrar no setor, ele recomenda planejamento e investimento. "É preciso ter capital de giro, já que o retorno não é de curto prazo", diz.

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