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    Reservas de petróleo dos EUA superam as de Arábia Saudita e Rússia, diz estudo

    DO "FINANCIAL TIMES"

    05/07/2016 09h40

    Marwan Naamani/AFP
    Instalação da Saudi Aramco, da Arábia Saudita, em 2008
    Instalação da Saudi Aramco, da Arábia Saudita, em 2008

    Os Estados Unidos detêm mais reservas de petróleo que a Arábia Saudita e a Rússia, o que representa a primeira vez que suas reservas ultrapassaram as dos dois maiores exportadores mundiais da commodity, de acordo com um novo estudo.

    A Rystad Energy estima que as reservas de petróleo passíveis de extração nos campos existentes, novas descobertas e áreas produtoras ainda não descobertas dos Estados Unidos sejam equivalentes a 264 bilhões de barris. O número ultrapassa os 212 bilhões de barris da Arábia Saudita e os 256 bilhões de barris das reservas russas.

    A análise de 60 mil campos de petróleo em todo o planeta, conduzida ao longo de um período de três anos pela empresa sediada em Oslo demonstra que as reservas mundiais totais de petróleo atingem os 2,1 trilhões de barris. Isso equivale a 70 vezes o ritmo atual de produção de 30 bilhões de barris ao ano, informou a Rystad Energy na segunda-feira (4).

    As reservas passíveis de extração —os barris cuja extração é viável do ponto de vista tecnológico e econômico— são analisadas pelo setor de energia a fim de determinar o valor de mercado das empresas de petróleo e a saúde dos países produtores de petróleo em longo prazo.

    Os produtores de petróleo convencionais, como a Arábia Saudita, tradicionalmente usam sua imensa riqueza em recursos naturais a fim de exercer o poder em termos mundiais, especialmente junto a grandes países consumidores como os Estados Unidos.

    Esse relacionamento se viu abalado nos últimos anos pela fratura hidráulica e outras tecnologias novas que ajudaram os Estados Unidos a ganhar acesso a vastas reservas e permitiram que o país se tornasse mais independente em termos energéticos.

    "Existe pouco potencial para futuras surpresas em muitos outros países, mas nos Estados Unidos ele continua a existir", disse Per Magnus Nysveen, analista da Rystad Energy, apontando para recentes descobertas na Bacia de Permian, no Texas e Novo México, a região petroleira mais prolífica dos Estados Unidos. "Três anos atrás, os Estados Unidos estavam atrás da Rússia, Canadá e Arábia Saudita".

    Mais de metade das reservas remanescentes de petróleo dos Estados Unidos são constituídas por petróleo de xisto betuminoso, uma fonte heterodoxa, segundo os dados da Rystad Energy. O Texas detém, sozinho, mais de 60 bilhões de barris de petróleo de xisto betuminoso.

    Outros boletins sobre as reservas mundiais de petróleo, como o "BP Statistical Review", acompanhado com muita atenção pelo setor, se baseiam nas informações prestadas pelas autoridades nacionais, e mostram os Estados Unidos ainda atrás de países como Arábia Saudita, Rússia, Canadá, Iraque, Venezuela e Kuwait.

    A Rystad Energy afirma que os dados dos governos, em todo o planeta, são coligidos usando uma série de indicadores muitas vezes opacos. Os números de muitos países incluem frequentemente petróleo ainda não descoberto.

    CUSTO

    Embora os números relativos às reservas sejam cruciais, o custo de produção é igualmente vital, disse Richard Mallinson, da Energy Aspects, uma consultoria de energia sediada em Londres.

    "Os números quanto às reservas importam, mas muitos outros fatores também determinam os retornos de curto e longo prazo daquilo que companhias e nações detêm", disse Mallinson. "O ganho de importância dos Estados Unidos não diminui o papel da Rússia ou da Arábia Saudita, já que o petróleo dos dois países está entre os de extração mais barata no planeta".

    Os países da Opep (Organização dos Países Exportadores de Petróleo), liderados pela Arábia Saudita, nos dois últimos anos permitiram a queda dos preços do petróleo para garantir que sua fatia de mercado seja protegida em longo prazo, diante de produtores de custo mais alto.

    Ainda que a produção do petróleo de xisto betuminoso nos Estados Unidos tenha se tornado mais barata —os custos nos últimos anos caíram, em alguns casos, para menos de US$ 40 por barril—, a Arábia Saudita e os demais produtores do Oriente Médio continuam a bombear petróleo por menos de US$ 10 por barril.

    "Existe uma faixa confortável de preços para os produtores convencionais da Opep. Eles querem preços altos o bastante para gerar receita sólida a fim de bancar gastos sociais em seus países, mas não altas o bastante para tornar petróleo de extração muito mais cara economicamente viável", disse Mallinson.

    O boom do petróleo de xisto betuminoso nos Estados Unidos foi um dos fatores por trás do recente colapso no preço do petróleo, que derrubou o petróleo padrão Brent de um pico de US$ 115 por barril na metade de 2014 a abaixo de US$ 30 neste ano.

    Tradução de PAULO MIGLIACCI

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