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    Crise política e financeira na Itália ameaça gerar novo caos para a Europa

    DA REUTERS

    05/07/2016 15h05

    Tony Gentile/Reuters
    Primeiro-ministro italiano, Matteo Renzi, durante entrevista concedida em junho de 2016
    Primeiro-ministro italiano, Matteo Renzi, durante entrevista concedida em junho de 2016

    As ações de bancos da Itália afundaram nesta terça-feira (5), abalando as bases financeiras da terceira maior economia da zona do euro e ameaçando contagiar outras nações da União Europeia.

    A crise pode empurrar a Itália de volta à recessão e, em um cenário apocalíptico, gerar um tipo de colapso similar ao da Grécia que seria quase impossível de a Europa conter.

    Os bancos da Itália estão sufocados com uma pilha de empréstimos ruins e, elevando o crescente sentimento de instabilidade, o primeiro-ministro, Matteo Renzi, prometeu se demitir caso seja derrotado em um referendo sobre a reforma constitucional, em outubro.

    Pesquisas de opinião recentes dizem que ele deve perder por grande margem.

    "A Itália enfrenta uma grave crise que é exponencial. Isso não é gradual e não linear", disse Francesco Galietti, chefe da consultoria de risco Policy Sonar e ex-funcionário do Ministério das Finanças. "A causa imediata é a crise bancária."

    O índice acionário do setor bancário da Itália caiu 30% desde que o Reino Unido votou em 23 de junho para sair da União Europeia, elevando as perdas acumuladas no ano a 57%. O índice de ações do setor bancário da zona do euro caiu 22% e 37%, respectivamente.

    Na terça-feira, o índice italiano perdeu mais 1,44%, para próximo dos patamares mais baixos em três anos.

    A Itália é política e financeiramente frágil, muitas vezes descrito como "grandes demais para salvar" em uma crise, e mesmo tendo pouca ligação econômica direta entre seus bancos e a votação britânica, qualquer choque mundial cria grandes tremores no país.

    "A Itália é, essencialmente, a linha falha da Europa", disse um ex-funcionário do FMI, falando sob condição de anonimato.

    "Tanto a dívida pública e o setor bancário são um barril de pólvora, sendo mantidos por um processo de não reconhecimento de prejuízos acumulados no sistema que eles continuam rolando. O verdadeiro problema é que alguém tem de assumir as perdas eventualmente", acrescentou.

    As preocupações imediatas estão centradas no terceiro maior banco da Itália, o Monte dei Paschi di Siena, que tem a maior proporção de créditos ruins em carteira entre bancos italianos listados. O BCE (Banco Central Europeu) determinou que o banco reduza essas dívidas em 40% em três anos.

    A Itália negocia com a União Europeia para elaborar um plano para recapitalizar seus bancos, incluindo o Monte dei Paschi, na esperança de usar dinheiro público para evitar perdas potencialmente enormes para os detentores de bônus e ações, muitos deles pequenos investidores comuns.

    O acordo pode exigir uma flexibilização das regras antirresgate que a União Europeia adotou em 2014 para forçar os investidores e alguns depositantes compartilharem o peso das falências bancárias. A Alemanha diz que as regras devem ser respeitadas, mas a Itália afirma que a flexibilidade é necessária para evitar um possível contágio bancário decorrente da decisão britânica.

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