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    Conselho da Estácio dá aval para união com a rival Kroton

    JOANA CUNHA
    DE SÃO PAULO

    09/07/2016 03h19

    Ricardo Moraes - 30.jun.16/Reuters
    A building of Estacio college is pictured in Rio de Janeiro, Brazil, June 30, 2016. REUTERS/Ricardo Moraes ORG XMIT: RJO09
    Unidade da Estácio no Rio

    Em uma negociação marcada por sucessivas elevações nos valores propostos, a Kroton, líder do mercado de ensino privado, conseguiu a aprovação da Estácio, segunda maior empresa no ranking do setor, para convocar assembleia de acionistas e votar a união das empresas.

    O consenso foi alcançado na reunião dos membros do conselho de administração da Estácio nesta sexta (8).

    Para que o negócio se concretize, falta ainda passar pela assembleia de acionistas e pelo escrutínio do Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica).

    O negócio deve passar com maior facilidade na assembleia porque os acionistas já vinham dando sinais de que estão de acordo.

    A fim de chegar ao acordo e conseguir levar a rede fluminense em uma operação avaliada em mais de R$ 5,5 bilhões, a Kroton precisou ampliar pela terceira vez sua oferta inicial.

    A troca de ações negociada chegou a 1,37 ação ordinária de emissão da Kroton para cada ação de emissão da Estácio, quando
    considerada a distribuição de R$ 420 milhões em dividendos a acionistas da Estácio.

    A escalada do preço teve como pano de fundo a resistência da família Zaher, maior acionista da Estácio, com cerca de 14%, em vender o negócio. Insatisfeita com os valores propostos, a família chegou a anunciar que estava em busca de capital para adquirir mais 36% da companhia e se tornar majoritária, impedindo a venda.

    Uma primeira aceitação dos termos propostos já havia ocorrido na semana passada, mas a reunião desta sexta era definitiva para a decisão de levar adiante a proposta em assembleia de acionistas.

    "A relação de troca estava aceita, mas precisava discutir os contornos do contrato, regras de governança, cálculos financeiros", afirma João Cox, presidente do conselho de administração da Estácio.

    RENÚNCIA

    Chaim Zaher, que ocupava a presidência da empresa enquanto as negociações eram feitas pelos membros do conselho, decidiu renunciar ao posto executivo na terça-feira (5) para voltar a participar das discussões na reunião realizada nesta sexta, que decidiria o destino da Estácio.

    Nesta semana, Zaher enviou manifestações ao mercado lembrando que nenhuma proposta estava escolhida.

    "Ao longo deste tempo todo, fomos procurados por vários acionistas indicando que tinham interesse na transação e viam muita sinergia. Nós colocávamos que haveria, desde que no preço certo. Se já estavam satisfeitos, com a proposta mais alta ficarão ainda mais", diz Cox.

    Grande parte são fundos investidores que ao mesmo tempo são acionistas da Kroton e da Estácio e por isso reconhecem muitos ganhos no negócio.

    Com cerca de 1,5 milhão de alunos, a nova empresa poderá alcançar 25% de participação no mercado de educação privada, segundo a consultoria Hoper Educação.

    Analistas estimam que, dados o gigantismo do negócio e os riscos da concentração, o Cade deve impor restrições.

    A negociação já havia provocado reações como a da OAB (Ordem dos Advogados do Brasil) do Rio, que entrou com denúncia no órgão no afirmando que a fusão pode prejudicar a qualidade.

    KROTON /1º TRI.2016
    receita líquida: R$ 1,27 bilhão
    lucro líquido: R$ 505,9 milhões
    dívida líquida: R$ 137,2 milhões

    ESTÁCIO /1º TRI.2016
    receita líquida: R$ 793 milhões
    lucro líquido: R$ 128,5 milhões
    dívida líquida: R$ 568,9 milhões

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