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    Previdência

    Isenção previdenciária com filantropia gera perda de R$ 11 bi

    EDUARDO CUCOLO
    DE BRASÍLIA

    10/07/2016 02h00

    Lalo de Almeida - 9.out.2015/Folhapress
    SAO PAULO, SP, BRASIL, 27-01-2009, 11h00 : Idosos aguardam para serem atendidos na agencia do INSS na rua Xavier de Toledo no centro de Sao Paulo. ( Foto: Lalo de Almeida/ Folha Imagem, COTIDIANO ) ***FOTO DE USO EXCLUSIVO FOLHAPRESS***
    Idosos aguardam atendimento em agência do INSS no centro de São Paulo

    A isenção previdenciária para entidades filantrópicas deve representar uma perda de arrecadação de R$ 11 bilhões em 2016, segundo estimativas do governo, que estuda rever as regras desse benefício tributário. O valor representa 20% da renúncia total de receitas para o INSS e 7% do deficit previsto na Previdência para este ano.

    A revisão das regras é uma das condições das centrais sindicais apresentadas durante as discussões sobre a reforma das regras do INSS.

    O governo diz que vai rever as regras de concessão dos certificados de filantropia, para manter o benefício apenas para as que "efetivamente mereçam" a isenção, mas não fechou uma proposta.

    Isenção fiscal para filantrópicas - Em 2016, em R$ bilhões

    Há hoje no país 4.082 entidades filantrópicas com direito a esse benefício tributário, divididas em três áreas.

    Segundo a Receita, são 126 empresas de educação, que devem ter um benefício total de R$ 4 bilhões. Na saúde, há 2.606 empresas habilitadas, para uma isenção de R$ 6 bilhões. Cerca de R$ 1 bilhão da renúncia se refere a 1.350 entidades de assistência social.

    QUEM TEM DIREITO

    Para ter acesso ao benefício, é necessário receber certificação de entidade beneficente do ministério da área.

    Na saúde, um dos principais requisitos é aplicar entre 20% e 5% da receita em atendimento gratuito ou direcionar 60% das consultas e internações ao SUS. Na educação, conceder anualmente bolsas de estudo na proporção de uma integral para cada cinco alunos pagantes.

    Para obter o benefício tributário, a Receita exige, além da certificação, que se cumpram algumas regras, como não distribuir lucros. Isso explica por que na educação menos de 10% das entidades certificadas obtêm isenção.

    NOVAS REGRAS

    Enquanto o governo revê as regras do setor, o Ministério da Educação iniciou um processo de mudança nos procedimentos de fiscalização das entidades do setor.

    Segundo o ministério, as medidas visam "assegurar que os requisitos legais que ensejam a concessão do certificado estão sendo efetivamente cumpridos".

    Nessa área, foram abertos 66 processos para verificar indícios de irregularidades neste ano. Foram cancelados 24 certificados. O percentual de empresas que tiveram o pedido ou a renovação da certificação negados passou de 40% em 2012 para 58% em 2015.

    Benefício previdenciário para filantrópicas

    O Ministério da Saúde informou um percentual menor de reprovações, em torno de 15%, e de cancelamentos (6 confirmados e 11 em curso).

    O professor de direito previdenciário da PUC-SP Wagner Balera diz que uma das questões que deveriam ser avaliadas é se as entidades aplicam em assistência social valores superiores ao ganho com a imunidade tributária garantida pela Constituição.

    "Se a entidade vive só da imunidade, ela está apenas substituindo o Estado."

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