• Mercado

    Monday, 29-Apr-2024 01:27:18 -03

    Dívida com fornecedores mais do que dobrou em sete Estados

    MARIANA CARNEIRO
    DE SÃO PAULO

    11/07/2016 02h00

    Pedro Ladeira - 22.jan.2015/Folhapress
    Depósito da farmácia central da Secretaria de Saúde do Distrito Federal

    Dos 24 Estados e Distrito Federal com dados públicos no sistema do Tesouro Nacional, 15 aumentaram o represamento de pagamentos entre o início deste ano e o mesmo período do ano passado.

    Maranhão, Roraima e Mato Grosso do Sul não apresentaram relatórios de execução orçamentária deste ano ou de 2015, o que inviabilizou a análise de seu desempenho.

    Em sete Estados, o endividamento com fornecedores e funcionalismo mais do que dobrou entre o primeiro quadrimestre de 2015 e 2016.

    O resultado do DF salta aos olhos. O represamento de pagamentos aumentou 1.400%. Segundo o secretário de Fazenda, José Antônio Fleury Teixeira, a administração atual encontrou R$ 2,4 bilhões em dívidas não registradas, que segundo ele foram herdadas da gestão anterior, o que disparou as despesas inscritas no balanço.

    "A dívida de pessoal, nós conseguimos pagar no ano passado, mas ainda restou R$ 1,1 bilhão para honramos com fornecedores de toda a natureza", disse.

    As despesas com valor até R$ 50 mil foram priorizadas. Segundo Fleury, a maior parte da dívida liquidada que persiste é com fornecedores da área da saúde.

    A renegociação da dívida financeira com a União, que prevê uma carência no fluxo de pagamentos, deverá trazer uma economia de R$ 80 milhões ao Distrito Federal neste ano. "Isso ajuda, mas o problema enfrentado por todos os Estados neste momento é como fechar a folha do mês seguinte", diz, indicando que um socorro emergencial não encerra o problema.

    É o caso do Rio Grande do Norte, cuja dívida com fornecedores e servidores aumentou 184% neste ano. O secretário de Planejamento, Gustavo Nogueira, diz que o pagamento do funcionalismo, antes no dia 30, foi postergado para o dia 10 do mês seguinte.

    Ele afirma que os números com que trabalha diferem dos que constam na declaração entregue pelo Estado ao Tesouro, mas admite dificuldades.

    A receita estadual encolheu 18% no 1º quadrimestre do ano ante o mesmo período de 2015. Nogueira atribui a sangria à queda dos repasses federais –40% do orçamento do Estado são de transferências da União.

    "Estamos revendo contratos com fornecedores, reduzimos o gasto com custeio em quase 14%, não abrimos uma nova obra, mas não podemos deixar de prestar os serviços."

    O Ceará, que aparece em segundo na lista de maiores altas, atribui o aumento a um efeito calendário.

    Segundo o secretário da Fazenda, Mauro Benevides, o Estado repassa semanalmente a parte do ICMS que cabe aos municípios. Como o dia 30 de abril caiu num sábado, o pagamento foi empurrado extraordinariamente para o mês seguinte.

    "O Ceará é um dos poucos Estados que já pagaram a primeira parcela do 13º aos servidores", disse.

    OUTRA PONTA

    Na outra ponta, aparecem São Paulo e Espírito Santo, que, apesar da queda de receita, pagaram toda a dívida com fornecedores liquidada neste ano. Segundo a secretaria de Fazenda paulista, isso ocorreu porque parte dos pagamentos se destinou a honrar compromissos assumidos em anos anteriores.

    QUANTO QUE CADA ESTADO DEIXOU DE PAGAR NESTE ANO - Variação sobre jan-abr/2015, em %

    Editoria de Arte/Folhapress
    Artes de mercado 11/07/2016
    Edição impressa

    Fale com a Redação - leitor@grupofolha.com.br

    Problemas no aplicativo? - novasplataformas@grupofolha.com.br

    Publicidade

    Folha de S.Paulo 2024