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    Sinais mistos sobre a economia indicam saída da recessão

    MARIANA CARNEIRO
    DE SÃO PAULO

    15/07/2016 02h00

    A divulgação de sinais ora positivos, ora negativos, tem levado analistas a acreditar que a economia caminha rumo à saída da recessão.

    O indicador que monitora a atividade econômica, calculado pelo BC e divulgado nesta quinta (14), seguiu com sinal negativo: queda de 0,51% em maio, ante abril.

    Mas a ladeira já foi mais íngreme, avaliam economistas, o que indica que o fundo do poço está próximo, e a recessão, perto do fim.

    Maio foi um mês ruim para alguns setores da economia: as vendas do varejo recuaram 1% ante abril, o setor de serviços murchou 0,1%.

    IBC-BR, calculado pelo Banco Central, em pontos* -

    Nada fora do programa, segundo o economista-chefe do Santander, Maurício Molan.

    "Com a depreciação do câmbio [o real caiu ante ao dólar] e a piora do mercado de trabalho, a retomada das exportações e dos investimentos sairá na frente da do consumo", diz.

    "A indústria e o setor agrícola se recuperarão antes dos serviços. É o script da retomada", acrescenta.

    Algumas evidências deixam o economista mais seguro da retomada. A principal delas é a confiança de investidores, empresários e consumidores.

    Segundo Molan, a confiança apareceu primeiro nos indicadores financeiros. A Bolsa acumula alta de quase 30% neste ano, o risco-país cedeu de um patamar próximo de 500 em janeiro para 292 pontos, e a taxa de juros de longo prazo (com vencimento em 2021) caiu de 16,5% para 12,5% ao ano.

    Isso faz com que o custo financeiro das empresas diminua e aumente a sensação de riqueza entre os investidores do mercado financeiro.

    "O padrão histórico mostra que leva de três a seis meses para a confiança do mercado chegar aos empresários e à economia real. Isso indica que a economia tende a ter se estabilizado no segundo trimestre e possivelmente volte ao terreno positivo no terceiro trimestre", diz Molan.

    Taxa de desocupação - Por trimestre móvel, em %

    Sondagens com empresários da indústria, da FGV, mostram que a confiança melhorou em junho pelo quarto mês seguido. A dos consumidores subiu em maio e em junho. Mas ambas ainda estão abaixo da média histórica.

    Outros indicadores subsidiam projeções otimistas. A produção de veículos foi melhor em junho que em maio. A venda de papelão ondulado, utilizado em embalagens, subiu 1,5% em junho, ante maio, o melhor resultado mensal do ano.

    Para Solange Srour, economista-chefe da gestora de investimento ARX, existe a percepção de que há uma agenda mais positiva na economia, com o ajuste das contas do governo, concessões e queda da taxa de juros.

    "Passado o impeachment [previsto para agosto], o governo tem que fazer andar essa agenda para manter a lua de mel com o mercado", diz ela, que revisou sua projeção deste ano de uma recessão de 3,5% para 3,3%.

    Cláudio Considera, da FGV, observa que o monitor do PIB, produzido pela instituição, indica que a economia estagnou nos últimos dois meses, o que, dada a recessão, é um bom sinal. "Estamos no fundo do poço e a indústria dá sinais de melhora", afirma.

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