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    Após uma década, Cesp pode ser privatizada pelo governo de SP

    MACHADO DA COSTA
    MARINA DIAS
    DE BRASÍLIA

    15/07/2016 16h47

    Divulgação/Prefeitura da Ilha Solteira
    Ações da Cesp disparam após secretário estadual falar sobre eventual privatização
    Ações da Cesp disparam após secretário estadual falar sobre eventual privatização

    Pensada há uma década, a privatização da CESP (Companhia de Energia de São Paulo) pode acontecer, conforme indicou, na manhã desta sexta-feira (15), o secretário da Fazenda do Estado, Renato Villela.

    Em reunião com o banco de investimentos JP Morgan, Villela conversou sobre o assunto e afirmou que a empresa está à venda.

    O interesse do governo de São Paulo em vender sua parte da estatal é antiga. A matéria é debatida há 10 anos. Porém, a venda esbarra na falta de interesse os investidores. Segundo Villela, mudanças regulatórias do setor podem ser concretizadas pelo governo interino do presidente Michel Temer e devem fazer com que a privatização avance.

    Ele disse que ainda não há uma definição ou um cronograma para a venda.

    Segundo a Folha apurou, propostas acima de R$ 6 bilhões são bem vindas. A monta é 30% maior que o valor de mercado da companhia.

    No momento, apenas alguns players chineses estão discutindo a compra, mas ainda não fizeram nenhuma proposta pela companhia.

    A informação de Villela ao banco de investimentos pegou os executivos da Cesp de surpresa.

    Integrantes da cúpula da estatal, quando questionados sobre a possível venda, afirmaram que não sabiam que o governo estava colocando o plano em prática.

    Parte da explicação está no racha entre diretoria e presidência da Cesp.

    Enquanto que o presidente, Mauro Arce, é contrário à venda, o diretor financeiro e ex-presidente, Almir Fernandes Martins, é favorável.

    ATIVOS

    A Cesp, atualmente, conta com apenas uma grande usina hidrelétrica, a de Porto Primavera —instalada no rio Paraná, na divisa entre São Paulo e Mato Grosso do Sul—, em seus ativos de geração.

    Com capacidade de 1.800 MW, equivalente a 1,5% do consumo do país, ela é a principal fonte de recursos da empresa.

    A estatal foi prejudicada pela edição da Medida Provisória 579, de 2012 —que tentou reduzir os preços da eletricidade por meio do encerramento antecipado das concessões das usinas.

    A Cesp não entrou em acordo com o governo e, com uma receita insuficiente, não conseguiu renovar a concessão de outras duas hidrelétricas ao final de 2015. Essas usinas foram adquiridas pela China Three Gorges.

    Porto Primavera também enfrenta pendências jurídicas que datam do início da construção da usina, na década de 1980.

    O reservatório nunca foi concluído e a hidrelétrica opera no limite do chamado "fio d'água", no qual é impossível armazenar água.

    A área técnica do TCU (Tribunal de Contas da União) até hoje tenta obrigar a Cesp a concluir o reservatório, que seria determinante para controlar o volume de água que chega à usina de Itaipu, a maior do país.

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