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    Gigante das reservas on-line Expedia entra no negócio de passagem de trem

    DO "FINANCIAL TIMES"

    18/07/2016 12h00

    Rodolfo Lucena
    Expedia lança serviço internacional de reservas ferroviárias
    Expedia lança serviço internacional de reservas ferroviárias

    A Expedia está buscando revolucionar as viagens de trem por meio do lançamento de um serviço internacional de reservas ferroviárias, como parte de seu esforço para tomar o controle de todas as etapas da jornada de um viajante.

    A companhia on-line de viagens criou um negócio com valor de mercado de US$ 16,8 bilhões, tendo por base em seu serviço de busca de voos e hotéis. Mais tarde neste ano, ela lançará um serviço de passagens ferroviárias no Reino Unido, com o objetivo de expandi-lo posteriormente à Alemanha, ao resto da Europa e aos Estados Unidos.

    Para ingressar no mercado mundial de reservas ferroviárias, que a empresa avalia movimentar US$ 130 bilhões ao ano, a Expedia precisará resolver uma tarefa tecnológica complexa.

    Nos últimos meses, ela vem trabalhando para produzir um serviço de busca capaz de analisar horários e sistemas ferroviários em múltiplas operadoras de ferrovias e países, e ao mesmo tempo oferecer opções abrangentes de viagens ferroviárias, da mesma forma que milhões de usuários vieram a esperar quando se trata de reservar passagens aéreas.

    Dara Khosrowshahi, presidente-executivo da Expedia, disse que a empresa está investindo "soma considerável" em seu novo negócio de reservas ferroviárias porque "se trata de um grande mercado com poucos concorrentes mundiais, e acreditamos que isso se traduza em uma oportunidade material".

    Ele acrescentou que "vemos [as ferrovias] como segmento crescente, um dos setores de viagens de mais rápido crescimento na Europa. Elas estão ganhando importância em todo o mundo e para nós são uma maneira adicional de criar mais pontos de contato com nossos clientes".

    A empresa, que também controla marcas como Hotel.com, Trivago e Hotwire, concorre com rivais como a Priceline, Google e Skyscanner no ferozmente competitivo mercado on-line de viagens. Na busca por novas áreas de crescimento, adquiriu a HomeAway, um empresa que aluga imóveis para férias, por US$ 3,4 bilhões, no final do ano passado, com a intenção de fazer dela concorrente direta do Airbnb, o grupo norte-americano de locações temporárias.

    Os viajantes ferroviários já têm a capacidade de reservar passagens online há anos, mas a maioria dessas vendas é gerada por meio de operadoras com foco em seus países de origem, como a Amtrak nos Estados Unidos, e SNCF na França e Europa ocidental.

    A Expedia está tentando criar um serviço mundial, com passagens de trem vendidas em companhia de passagens aéreas e estadias em hotéis, em um esforço para vender opções alternativas de viagem aos clientes.
    A companhia já conduziu experiências com reservas ferroviárias no passado, tais como oferecer pacotes da Eurostar no Reino Unido e França, mas até agora não permitia que usuários realizassem buscas apenas de passagens ferroviárias.

    "A Expedia deseja ser a loja de departamentos das viagens", disse Henry Harteveldt, fundador da Atmosphere Research, uma empresa de análise do setor de viagens.

    "Como qualquer boa loja do setor de varejo, a Expedia quer vender todos os produtos que façam sentido para os consumidores, desde que seja possível realizar lucros com eles. Vender passagens de trem não é só a venda de passagens, mas sim expandir as oportunidades de venda de reservas de hotel, que é o meio principal de ganhar dinheiro, para a empresa".

    Khosrowshahi disse que a estratégia da Expedia de permitir que usuários reservem voos e hotéis ao mesmo tempo significa que "a proporção de vendas casadas é considerável e vem crescendo significativamente ano após ano".

    "Para cada dólar que ganhamos com uma passagem aérea, estamos ganhando mais de um dólar em produtos casados vendidos ao consumidor", ele acrescentou.

    A Atmosphere Research afirma que em sua mais recente pesquisa, há indicações de que 32% dos viajantes de lazer usam viagens ferroviárias entre cidades do Reino Unido, o que representa "um mercado considerável para que a Expedia atenda".

    Mas Greg Schulze, vice-presidente sênior da Expedia, que está comandando a expansão rumo ao mercado ferroviário, disse que o objetivo da empresa é criar alcance global.

    "Nossa expectativa é de que, em 2017, tenhamos um produto ferroviário que cubra múltiplas operadoras em múltiplos países. Os grandes mercados ferroviários da Europa estão no topo da lista", ele afirmou.

    DESAFIOS

    A empresa enfrentará numerosos obstáculos para criar seu serviço de busca de passagens ferroviárias. As buscas de voos se baseiam em códigos de aeroportos —um código de três letras que representa cada aeroporto mundial—, governados pela Iata (Associação Internacional de Transporte Aéreo).

    Não existe autoridade mundial comparável para o setor ferroviário, e os códigos de estações de trem variam de país a país. Tampouco existem padrões internacionais para questões importantes como as classes de assentos e os horários de trens.

    A Expedia tampouco revelou os detalhes financeiros do projeto, como o montante que está investindo no serviço ferroviário. Em fevereiro, a companhia anunciou que sua receita havia subido em 16% em 2015, ante 2014, para US$ 6,67 bilhões.

    Em novembro do ano passado, a Expedia anunciou uma parceria estratégica com a SilverRail Technologies, que produz uma plataforma de tecnologia para empresas do setor ferroviário, com o objetivo de criar seu novo sistema de reservas ferroviárias online. No Reino Unido, a Expedia está trabalhando com a Association of Train Operating Companies, organização setorial que representa as 23 operadoras de ferrovias do país, a fim de lançar um serviço de busca e reservas de passagens ferroviárias.

    Harteveldt disse que os grandes concorrentes online haviam anteriormente desistido de criar serviços de busca ferroviários porque as operadoras podem ter oferecido termos comerciais desvantajosos, por exemplo ao não permitir que os agentes online de viagens oferecessem os preços mais baixos.

    Mas Schulze insistiu em que sua empresa estava trabalhando com as operadoras de ferrovias de forma a garantir que a Expedia possa oferecer as passagens mais baratas.

    Tradução de PAULO MIGLIACCI

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