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    Caixa amplia financiamento para imóveis destinados aos mais ricos

    FERNANDA PERRIN
    DE SÃO PAULO

    19/07/2016 02h00

    Adriano Vizoni - 29.mar.2014/Folhapress
    SAO PAULO - SP - BRASIL, 29-03-2014, 20h20: GRANDES EVENTOS EM ESTANDES. As construtoras estao investindo em eventos mais carnudos e para a familia com a intencao de atrair pessoas mais qualificadas e alinhadas com o perfil dos empreendimentos de alto padrao. A Yuni e a Stan promoveram um espetaculo circense, O Universo Casuo, com o unico brasileiro do Cirque du Soleil. (Foto: Adriano Vizoni/Folhapress, MERCADO) ***EXCLUSIVO FSP***
    Estande de vendas de imóvel no centro de São Paulo

    A Caixa Econômica Federal vai ampliar o financiamento para imóveis destinados a pessoas com renda mais alta, numa tentativa de aumentar seus negócios num segmento mais lucrativo do mercado imobiliário, que esfriou com a crise econômica.

    O banco vai dobrar o valor máximo dos imóveis que pode financiar, elevando o teto a R$ 3 milhões, e aumentar de 70% para 80% a parcela do valor total que pode ser financiada no caso dos imóveis novos com preço superior a R$ 750 mil (DF, SP, RJ e MG) e R$ 650 mil (demais Estados).

    Para imóveis usados, terrenos, construções e reformas, a Caixa aumentou o porcentual que pode ser financiado de 60% para 70%. As mudanças entrarão em vigor na próxima segunda-feira (25).

    O banco é o maior financiador do mercado imobiliário do país, com 67% da carteira de crédito do setor atualmente. Mas a instituição encontra dificuldades para obter novos negócios em meio à recessão. Até junho, a Caixa emprestou R$ 39 bilhões para imóveis, menos da metade do orçamento previsto para este ano, de R$ 93 bilhões.

    Para compensar a retração, o banco buscou captar recursos no mercado, com a emissão de letras financeiras e outros instrumentos, para viabilizar a aposta nos mais ricos. "Agora temos dinheiro sobrando", disse o vice-presidente de habitação, Nelson Antonio de Souza, à agência Reuters nesta segunda (18).

    NOVAS MANEIRAS - Caixa altera regras para financiamento imobiliário

    "A Caixa, em uma atitude bem oportuna, vai trabalhar em uma faixa em que a taxa de juros é maior e o risco de inadimplência, menor", diz Celso Petrucci, economista-chefe do Secovi-SP, o sindicato que representa o setor imobiliário em São Paulo.

    Para imóveis com valor de até R$ 750 mil, os empréstimos são feitos conforme as regras do Sistema Financeiro Habitacional (SFH), com juros mais baixos e lastro nos depósitos na poupança. Mas o saldo das cadernetas caiu nos últimos meses por causa da crise e do baixo rendimento, reduzindo os recursos disponíveis para novos empréstimos.

    Imóveis com valor acima de R$ 750 mil são financiados de acordo com as regras do Sistema de Financiamento Imobiliário (SFI), em que as instituições financeiras têm liberdade para definir a fonte dos recursos e as taxas.

    "Provavelmente a Caixa está com recursos ociosos e resolveu direcionar para essa faixa. É uma questão de estratégia", afirma o professor João Rocha da Lima, da Escola Politécnica da Universidade de São Paulo, especialista em mercado imobiliário.

    MERCADO

    Para Lima, as mudanças anunciadas pela Caixa não são suficientes para aquecer o setor imobiliário. "Mas mostram que o banco está buscando se adaptar a uma realidade de mercado", diz ele.

    Segundo o professor, as famílias em geral precisam de pelo menos seis anos de poupança para pagar 10% do valor de um imóvel.

    Assim, a mudança anunciada pela Caixa pode representar uma redução significativa da espera para aquisição da casa própria. "Isso é o mais importante, porque desafoga o poder de compra das famílias", afirma.

    A Caixa não divulgou se haverá mudança nas taxas cobradas com a ampliação da faixa de financiamento. Hoje, os juros cobrados pelo banco são menores do que os de seus concorrentes.

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    INDICADORES DA CRISE IMOBILIÁRIA

    Unidades
    O número de unidades financiadas no país caiu 58% de junho de 2015 a maio deste ano, na comparação com os 12 meses anteriores, segundo dados do Sistema Financeiro de Habitação, do Banco Central. Em valores nominais, a queda também foi expressiva: de 57%

    São Paulo
    Na cidade de São Paulo, as vendas de imóveis novos recuaram 50,7% ante o mesmo mês do ano passado, para 1.059 unidades, de acordo com o Secovi-SP (sindicato do mercado imobiliário). Os lançamentos no período caíram 53%, diz a Empresa Brasileira de Estudos de Patrimônio

    Caixa
    A Caixa Econômica Federal registrou queda de cerca de 6% no volume de concessões nos seus feirões da casa própria, 14 eventos regionais que o banco faz todo ano, para R$ 10,3 bilhões

    Preços
    O preço das casas no Brasil só caiu menos do que os valores negociados na Rússia, nos Emirados Árabes Unidos e na Ucrânia, de acordo com o levantamento mais recente do FMI (Fundo Monetário Internacional)

    Contratos
    Os novos contratos de aluguéis residenciais na cidade de São Paulo recuaram 3,1% em maio na comparação com o mesmo mês do ano passado, mostra pesquisa da FGV. Já são 12 meses seguidos de retração, indicado a baixa demanda pelos imóveis

    Colaborou VINÍCIUS PEREIRA, de São Paulo

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