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    Fizemos reuniões em português, diz WhatsApp após juíza reclamar de inglês

    FELIPE MAIA
    DE SÃO PAULO

    19/07/2016 21h45

    Marcia Foletto/Agência O Globo
    Daniela Barbosa Assumpção de Souza, juíza autora da decisão que bloqueou o WhatsApp
    Daniela Barbosa Assumpção de Souza, juíza autora da decisão que bloqueou o WhatsApp

    Depois de a juíza que determinou o bloqueio do WhatsApp no Brasil ter reclamado de a companhia ter respondido questionamentos em inglês, a companhia diz ter se reunido com representantes da polícia, do Ministério Público e com a própria magistrada. E repassado informações em português.

    "Parece ser extremo cortar o acesso de 100 milhões de pessoas por causa de um único e-mail", disse Matt Steinfeld, diretor de comunicações da companhia, à Folha.

    Em sua decisão, a juíza Daniela Barbosa de Souza, da 2ª Vara Criminal da Comarca de Duque de Caxias, mostrou-se bastante irritada com o comportamento da empresa durante a tramitação de investigações.

    Souza diz ter enviado um ofício à empresa pedindo a quebra de sigilo de informações trocadas pelo aplicativo para investigações criminais. Acabou recebendo de volta um "e-mail redigido em inglês, como se esta fosse a língua oficial deste país". Ela considera o fato um "total desprezo às leis nacionais".

    Segundo Steinfeld, entretanto, a empresa fez reuniões com autoridades, incluindo Souza, para explicar os motivos de não repassar as informações à Justiça –o app argumenta que as mensagens trocadas ficam criptografadas de uma ponta à outra da conversa.

    "Nós mostramos como funciona a criptografia ponta a ponta, fornecemos um estudo em português, indicamos até um especialista técnico que poderia ser consultado, o que foi recusado", disse o executivo.

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    Já a magistrada afirmou que o Facebook, dono do WhatsApp, foi notificado três vezes e mesmo assim não cumpriu a decisão de interceptar as conversas no aplicativo.

    "A empresa recebe ofício de uma autoridade de um país onde possui empresa extremamente lucrativa e não cumpre a decisão. E ainda pede para ser comunicada em inglês e faz perguntas inapropriadas sobre a investigação em andamento. Isso não é agir com o devido respeito. É tratar o Brasil como republiqueta."

    O diretor diz que, apesar da sucessão de problemas do aplicativo no Brasil, com ao menos quatro decisões desfavoráveis, ele afirma que está fora de cogitação promover mudanças no sistema –como criar meios de "furar" a barreira de segurança para que autoridades possam acessar dados e investigar crimes.

    "Não é algo que podemos fazer e não queremos abrir nenhum precedente para que isso aconteça", afirmou.

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