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    Otimismo com economia favorece o investimento em ações

    EULINA OLIVEIRA
    DE SÃO PAULO

    25/07/2016 02h00

    Paulo Whitaker/Reuters
    Investidores olham painel de cotações na Bolsa brasileira
    Investidores olham painel de cotações na Bolsa brasileira

    Expectativas de recuperação da economia brasileira deram impulso à valorização das ações nos últimos meses e devem continuar favorecendo investimentos em renda variável na segunda metade do ano, de acordo com analistas consultados pela Folha.

    A aposta dos investidores é que o Senado confirmará o afastamento da presidente Dilma Rousseff no julgamento marcado para o fim de agosto. Segundo eles, a conclusão do processo de impeachment poderá contribuir para reduzir incertezas e reanimar a economia.

    Desde o início do ano, o Ibovespa, principal índice da Bolsa de São Paulo, já subiu mais de 30%. Analistas veem potencial de valorização ainda maior até o fim do ano, porque os resultados das empresas devem melhorar com a recuperação da economia.

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    Além disso, dizem, o fluxo de investimentos estrangeiros na Bolsa deverá aumentar após o desfecho do processo de impeachment, impulsionando ainda mais o Ibovespa. Os analistas consideram muito remota a possibilidade de Dilma sobreviver ao julgamento do Senado.

    Na visão dos investidores, o presidente interino, Michel Temer, tem melhores condições do que Dilma para tirar o país da crise econômica, mas ainda precisa obter do Congresso a aprovação de medidas para equilibrar as finanças do governo federal.

    "Tudo depende da capacidade do novo governo de implementar o ajuste fiscal e outras medidas, diante de um buraco gigantesco no Orçamento", afirma Eduardo Coutinho, especialistas em finanças e coordenador do curso de Administração do Ibmec em Belo Horizonte (MG).

    O cenário externo também poderá influir no rumo dos investimentos. A eleição presidencial nos Estados Unidos, em novembro, deverá provocar nervosismo nos mercados. Os investidores temem uma vitória do candidato republicano, Donald Trump, considerado protecionista e radical por muitos analistas.

    A manutenção das taxas de juros americanas em nível muito baixo, na faixa entre 0,25% e 0,50%, tem estimulado o apetite dos investidores por retornos maiores em países como o Brasil, onde os juros ainda são muito altos.

    Alguns analistas acham que o Federal Reserve, o banco central americano, poderá mexer nos juros no fim do ano, mas isso não é certo. "Quanto mais o Fed adiar alta dos juros, melhor para os emergentes, porque evita fuga de capitais desses mercados", afirma Sinara Polycarpo, estrategista de finanças pessoais do Banco Original.

    RISCOS

    Por isso, apesar das perspectivas positivas para o mercado de ações, há vários riscos envolvidos. "Só deve investir em Bolsa quem está disposto a correr esses riscos", afirma Coutinho, do Ibmec.

    Para Sandra Blanco, consultora de investimentos da Órama, uma opção é investir em fundos de ações: "Eles são administrados por gestores que ficam o tempo todo analisando as ações e são mais ágeis para tomar decisões."

    Fundos de renda fixa continuam sendo opções menos arriscadas, mas a perspectiva de que o Banco Central comece a reduzir a taxa básica de juros no Brasil até o fim do ano deve afetar sua rentabilidade. A recomendação dos analistas é apostar em investimentos com taxas prefixadas.

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    "Uma boa alternativa é investir em títulos indexados à inflação mais juros prefixados, que garantem retorno real", afirma Marcio Cardoso, sócio-diretor da Easynvest. Ele sugere que os investidores pesquisem as taxas oferecidas pelo mercado. "Há títulos interessantes, que pagam IPCA mais 8%, por exemplo."

    Os analistas lembram que a melhor estratégia é sempre diversificar os investimentos. Quem não quer correr muitos riscos deve concentrar a maior parte dos seus recursos em renda fixa. Os mais arrojados podem investir parcela maior em renda variável.

    Rodrigo Puga, sócio-gestor da Modalmais, explica que é possível diluir riscos investindo em fundos multimercado, que aplicam tanto em renda fixa quanto em ações e outras opções de renda variável.

    Poupança e moeda estrangeira são apontadas como os piores investimentos. A rentabilidade da caderneta perde para a inflação, e o dólar tende a continuar se desvalorizando frente ao real. "Comprar moeda estrangeira só se recomenda para quem vai viajar, estudar ou morar fora, pois o risco é muito grande", afirma Polycarpo, do Banco Original.

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