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    BC vê melhora na economia, mas queda da inflação aquém da esperada

    EDUARDO CUCOLO
    DE BRASÍLIA

    26/07/2016 09h25

    Alan Marques/Folhapress
    Presidente do BC, Ilan Goldfajn, comanda a reunião do Copom (Comitê de Política Monetária)
    Presidente do BC, Ilan Goldfajn, comanda a reunião do Copom (Comitê de Política Monetária)

    O Banco Central tem dúvidas sobre o ritmo de queda da inflação e de aprovação de medidas na área fiscal, o que pode adiar o corte dos juros, hoje em 14,25% ao ano.

    A informação faz parte da ata da reunião do Copom (Comitê de Política Monetária) da semana passada, divulgada nesta terça-feira (26). O documento, com 20 parágrafos, ganhou novo formato, mais sucinto e com uma linguagem mais clara. Dois são dedicados à questão fiscal.

    "Todos os membros do comitê enfatizaram que a continuidade dos esforços para aprovação e implementação dos ajustes na economia, notadamente no que diz respeito a reformas fiscais, é fundamental para facilitar e reduzir o custo do processo de desinflação", afirmou o Copom.

    "Não houve consenso sobre a velocidade desses ajustes, o que sugere que constituem, ao mesmo tempo, um risco e uma oportunidade."

    O BC disse ainda que vê sinais de que a recessão pode estar próxima do fim, mas afirma que a inflação tem recuado a uma velocidade "aquém da almejada". Alguns diretores esperavam uma queda maior dos índices de pressões diante da desaceleração econômica. Outros afirmam que houve avanços.

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    Na semana passada, ao divulgar a decisão de manter a taxa básica em 14,25%, o BC já havia condicionado um possível corte à questão fiscal e à queda da inflação.

    Luiz Eduardo Portella, sócio-gestor do Modal Asset Management, afirma que a ata trouxe mais detalhes sobre a visão do Copom. Para ele, se o BC condicionasse o corte de juros à aprovação das medidas pela Câmara e pelo Senado, não haveria tempo para reduzir a taxa neste ano. Mas a instituição indicou que o mais importante é que haja sinais de andamento dos projetos, o que ajuda a reduzir as expectativas de inflação para 2017, segundo Portella.

    O economista disse ainda que o BC quer que a projeção de inflação, considerando corte de juros, hoje em 5,3%, recue para próxima de 4,5%, a meta para o próximo ano.

    "Se isso é condição necessária para iniciar o ciclo de corte, talvez não seja suficiente para ter uma queda de 0,5 ponto percentual em outubro. Talvez seja apenas 0,25."

    O Copom volta a se reunir no final de agosto. As estimativas de mercado apontam para um corte na reunião seguinte, em outubro.

    Carlos Thadeu de Freitas, chefe da Divisão Econômica da CNC (confederação do comércio) e ex-diretor do BC, afirma que o discurso mais duro na ata sugere até a possibilidade de que os juros só caiam em 2017. "O Copom está se mostrando menos otimista em relação ao cenário fiscal. O 'timing' do ajuste fiscal está dado e é lento por natureza", afirma. "Não vai ter queda de juros tão cedo. Talvez só no final do ano ou começo do ano que vem."

    O BC citou ainda como riscos para a inflação o comportamento do preço dos alimentos e a indexação da economia. Por outro lado, o aumento do desemprego e a recessão podem produzir uma queda mais rápida dos preços.

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