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    Previdência

    Crise não tem que ser paga pelos trabalhadores, dizem centrais sindicais

    ANA PAULA MACHADO
    DE SÃO PAULO

    26/07/2016 12h47

    As seis maiores centrais sindicais do país afirmaram nesta terça-feira (26) que a crise econômica não deve ser "paga" pelos trabalhadores, em documento no qual assumiram também o compromisso de luta pelos direitos trabalhistas.

    "O governo não tem tomado medidas concretas para a melhora da crise. A taxa de juros tem que cair para a economia andar. Isso é um erro do governo", afirmou o presidente da Força Sindical, Paulinho da Força, deputado pelo Solidariedade. "Não estamos dispostos a pagar sozinhos [pela crise]. Essa é a nossa posição", complementou.

    No documento, as centrais —CUT, Força Sindical, UGT, CTB, CSB e Nova Central— rejeitam o que consideram perda de conquistas da classe trabalhadora. No dia 16 de agosto, as entidades realizarão o dia nacional de lutas.

    A reunião desta terça foi o primeiro encontro público que contou com a participação da CUT desde que o processo de impeachment da presidente afastada, Dilma Rousseff, foi instaurado. O presidente da CUT, Vagner Freitas, disse que o movimento é um recado ao Brasil de que os trabalhadores não aceitam que seus direitos sejam diminuídos.

    "Estamos preocupados com a postura do ministro [Eliseu] Padilha, que tem dito que a CLT é um atraso. Por isso, esse recado ao Brasil", disse Freitas durante a Assembleia Nacional dos Trabalhadores, em São Paulo.

    Segundo ele, se o governo insistir nas propostas que estão sendo publicadas pela imprensa relacionadas às reformas da Previdência e trabalhista, o Brasil pode enfrentar uma greve geral.

    "A greve não acontece por vontade do sindicalista ou motivação política. Vai ocorrer se retirarem os direitos conquistados há muitos anos na Previdência e na CLT", afirmou.

    O documento apresentado nesta terça é uma repetição do "compromisso para o desenvolvimento" entregue ao governo em dezembro passado. Nele, há propostas como a redução da jornada de trabalho para 40 horas semanais, sem diminuição de salários, e a criação de câmaras para resolver questões específicas de setores como o automobilístico e da construção.

    As centrais propuseram ainda a redução dos juros para aquecer a economia.

    Paulinho da Força —um dos apoiadores do impeachment de Dilma e que está na base aliada do governo do presidente interino, Michel Temer— afirmou ainda que as propostas para a reforma trabalhista não foram discutidas com nenhuma central.

    "Só temos escutado pela imprensa e muito me parece que essa atitude é para jogar para a plateia. O governo sabe que não pode mudar a CLT da noite para o dia. Demanda negociações e não fomos procurados para discutir", ressaltou.

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