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    o brasil que dá certo - energia renovável

    Pioneiro na aposta em energia eólica, Ceará agora quer ser líder

    RENATO SOUSA
    COLABORAÇÃO PARA A FOLHA, EM FORTALEZA (CE)

    28/07/2016 02h00

    Pioneiro em energia eólica no país, o Ceará está investindo para liderar em produção nacional. Para isso, o Estado aposta numa secretaria-adjunta da área para aumentar a articulação do setor.

    Quarto colocado no ranking nacional, o Ceará tem capacidade instalada hoje de 1,6 GW. Segundo o governo, 39% da energia elétrica consumida no Estado é de origem eólica. O valor está bem acima dos 6,25% do país e até mesmo da média do Nordeste, de 30%.

    Os líderes de produção eólica no país são Rio Grande do Norte (com capacidade de 3 GW), Bahia (1,9 GW) e Rio Grande do Sul (1,6 GW), segundo dados da Abeeolica (Associação Brasileira de Energia Eólica). A meta do governo é ultrapassar os gaúchos em três anos.

    Com 59 parques eólicos hoje, o Estado espera atingir a marca de 102 até 2019, gerando cerca de 17 mil empregos durante a fase de construção. As obras devem movimentar mais de R$ 9 bilhões, segundo o secretário-adjunto de Energia, Mineração e Telecomunicações, Renato Rolim.

    "O plano é buscar as articulações com a indústria e com o Ministério de Minas e Energia", afirma ele.

    O primeiro parque do tipo foi instalado no Ceará em 1998. De lá para cá, o Estado cresceu aproveitando o fato de não haver limite para geração eólica.

    "O Nordeste é privilegiado por seu potencial eólico, que representa mais de 50% do nacional", afirma Jurandir Picanço, presidente da Câmara Setorial de Energias Renováveis do Ceará.

    CRÍTICAS

    Entretanto, há críticos ao setor. De acordo com Antônio Jeovah de Andrade Meireles, professor do Departamento de Geografia da UFC (Universidade Federal do Ceará), o processo tem tido impactos negativos no ecossistema costeiro e nas comunidades atingidas pelos parques eólicos.

    "É uma energia excludente, que gera uma série de impactos sociais", diz. De acordo com ele, o poder público tem falhado em antever e agir para evitar conflitos.

    Tanto o governo do Estado quanto a indústria discordam. Para Rolim, os investimentos foram responsáveis por melhorias nos equipamentos públicos e no aumento da atividade comercial.

    Já o presidente da Câmara Setorial de Energias Renováveis do Ceará diz que a tecnologia já reduz o impacto. "As torres atuais captam ventos em maior altitude e não se diferenciam tanto por estar na costa ou no interior. Portanto, até pelo custo da terra, os novos projetos estarão afastados da região costeira."

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    SETOR CRESCE NO NORDESTE E SUL DO PAÍS
    Capacidade instalada sobe 112% até 2019

    A capacidade instalada de energia eólica no país subiu de 27 MW (2005) para 8.737 MW (2015), segundo a Abeeolica

    Com os contratos já assinados, esse total deve atingir 18.461 MW em 2019

    Nordeste (RN, BA, CE, PI, PE) e Sul (RS e SC) têm os sete Estados com maior potência instalada

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