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    Cenário político pauta decisões de gestora com melhor desempenho

    GILMARA SANTOS
    COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

    30/07/2016 02h00

    Divulgação
    André Gordon, sócio responsável pela gestão da GTI
    André Gordon, sócio responsável pela gestão da GTI

    A confiança no cenário de retomada da economia foi a aposta da GTI Administração de Recursos para conquistar o primeiro lugar entre todas as categorias no ranking dos fundos de investimentos do primeiro semestre.

    André Gordon, 43, sócio responsável pela gestão da GTI, afirma que o cenário político pautou boa parte das decisões.

    Gestora com a melhor rentabilidade do semestre, A GTI optou por terceirizar todas as funções que não fazem parte da sua atividade principal. E cabe aos cinco sócios fazer a gestão dos R$ 60 milhões dos seus 200 clientes.

    *

    Folha - A GTI alcançou a maior rentabilidade entre todas as categorias. A que você atribui esse bom desempenho?
    André Gordon - Nosso horizonte de investimentos é de mais longo prazo. O Brasil passou por uma situação dicotômica: de um lado, o risco de se tornar uma Venezuela, e, de outro, a oportunidade de escapar disso.

    A piora constante na situação econômica e política mostrava que era grande o risco de virar uma Argentina ou uma Venezuela, e muitos investidores passaram a não querer correr esse risco. O resultado foi a perda do grau de investimento e a ameaça de diversas empresas de sair do país. Mas nós nos mantivemos focados no cenário de longo prazo.

    Qual seu perfil de investidor?

    O cenário político teve grande impacto em todo esse processo de investimento?
    Era claro, para nós, que o impeachment ocorreria. Não sabíamos quando. Além de todos os problemas, como a questão das contas públicas e a corrupção na Petrobras, por exemplo, o governo já não tinha mais apoio político nem na sua própria base de sustentação para apoiar as mudanças.

    Sabíamos que era questão de tempo para que o impeachment acontecesse. Então, montamos nossas posições dentro desse cenário.

    Como assim?
    Montamos uma posição pró-Brasil, ou o que chamamos de "kit impeachment". Acreditamos que, com esse novo time [novo governo], se abre espaço, no longo prazo, para a queda de juros e a retomada da atividade econômica e encontramos ótimas oportunidades de boas empresas em preços atrativos.

    O grande ponto foi enxergar um céu azul por cima das nuvens. Agora o mercado já começa a ver isso, com a volta do país para o trilho do crescimento sustentável. Era nisso que acreditávamos e fizemos nossas posições dentro desse cenário.

    Como a gestora está posicionada?
    Em ações com horizonte de investimentos mais longo. Olhamos para o macro, mas também estamos de olho em pequenas empresas em valor de mercado, mas que são grandes em relação ao país. É o caso da Via Varejo ou da Guararapes [Riachuelo].

    Custo dos fundos de investimento

    Também temos exemplos como o da Queiroz Galvão. Com o anúncio feito nesta sexta-feira (29) da venda de fatia do pré-sal do campo de Carcará pela Petrobras, as ações da empresa subiram 50% num único dia. Até ontem a empresa era negociada abaixo do seu caixa líquido e um pequeno movimento isso mudou. Ela tem participação de 10% nesse campo, que foi vendido por US$ 2,5 bilhões (o que avalia o campo em quase US$ 4 bilhões).

    Caso confirmado o impeachment, o que esperar do governo nos próximos meses?
    No curto prazo, é importante que haja limitação dos gastos públicos para reduzir a participação do Estado em relação ao PIB na economia.

    No médio e no longo prazo, a reforma da Previdência é fundamental, porque a idade para aposentadoria hoje no Brasil é incompatível com a atual demografia.

    O deficit da Previdência é gigante e crescente e há um entendimento comum de que é necessário mudar isso. Paralelamente, acho que a mudança na CLT também contribuiria muito para todo o cenário. Mas não vejo isso ocorrendo em 2016, tanto por ser ano eleitoral quanto por ter a Olimpíada.

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