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    Investimento que segue o câmbio perde com impeachment

    GILMARA SANTOS
    COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

    30/07/2016 02h23

    Rafael Neddermeyer/Fotos Públicas
    Com queda do petróleo, dólar opera em alta nesta quarta-feira fotos públicas e dolar
    Queda do dólar, influenciada pela mudança no cenário político, faz fundo cambial acumular prejuízos

    Com o dólar acumulando queda de 19,5% na primeira metade do ano, investidores que aplicaram em fundos cambiais viram os produtos registrarem um dos piores desempenhos na indústria de fundos no primeiro semestre.

    Esses fundos são indicados como proteção para quem tem despesas em moeda estrangeira ou pretende viajar para o exterior e não quer sofrer nenhuma surpresa que atrapalhe seu orçamento.

    O desempenho ruim neste ano contrasta com o comportamento em 2015, quando os fundos cambiais lideraram os ganhos, ao avançar cerca de 38% (após IR), ajudados pela valorização do dólar.

    Essa diferença se deve, em grande parte, ao cenário político brasileiro. No ano passado, o dólar ganhou força pela instabilidade do governo Dilma Rousseff. Agora, com o impeachment mais provável, parte desses ganhos foi devolvida.

    Alguns fundos tiveram desvalorização menor que a da moeda americana no semestre. A menor queda foi a do fundo cambial da Bram-Bradesco Asset Management, que perdeu 17,48%.

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    "Esse fundo fica exposto à taxa de câmbio, e a queda acentuada do dólar no primeiro semestre teve esse reflexo", diz Ricardo Almeida, superintendente de renda variável da Bram.

    "Nesta categoria, não há grandes apostas, mas sim grandes riscos", diz Guilherme Abbud, responsável por gestão de renda fixa e multimercados no HSBC, instituição que hoje faz parte do Bradesco, mas no primeiro semestre era independente.

    Por esse motivo, especialistas aconselham o investidor a não colocar todos os recursos nesse produto.

    "O fundo cambial é uma proteção eficiente para quem tem compromisso futuro em moeda estrangeira e serve também como instrumento de diversificação, mas não devem ser alocados todos os recursos nesse fundo", diz Carlos André, diretor-executivo da BB Gestão de Recursos.

    Um fundo de euro teve a terceira menor queda nos seis primeiros meses. A moeda recuou 18,3% no período."Ao longo do primeiro semestre, vinha ocorrendo um cenário da economia na zona do euro um pouco mais benigno e relativamente estável. Por isso, as perdas com esse produto ficaram tão próximas das do dólar", afirma André.

    CENÁRIO

    Para este semestre, o desempenho do euro vai depender da situação do Reino Unido, que, em plebiscito em junho, optou por deixar a União Europeia.

    "Estamos acompanhando de perto toda essa movimentação e, dependendo do que ocorrer, o euro poderá sofrer solavancos em relação ao dólar", diz o executivo.

    Na comparação com o dólar, a expectativa é que o real permaneça estável -economistas consultados pelo Banco Central para o boletim Focus estimam que a moeda vai valer R$ 3,34 no fim do ano, ante R$ 3,24 nesta sexta (29).

    Uma nova pressão para a valorização do dólar poderia vir da elevação neste ano dos juros nos EUA -a taxa mais alta atrairia para lá investidor que está hoje nos mercados emergentes. Porém, o resultado decepcionante do PIB americano no segundo trimestre tornou essa hipótese menos provável.

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