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    Empresas multinacionais já veem crise brasileira mais perto do fim

    JOANA CUNHA
    DE SÃO PAULO
    ÁLVARO FAGUNDES
    EDITOR-ADJUNTO DE "MERCADO"

    01/08/2016 02h00

    As multinacionais que atuam no Brasil começam a desenhar um cenário menos pessimista para o país. As queixas sobre economia fraca, aperto no crédito, inflação e câmbio, até pouco tempo constantes, começam a ceder espaço para os primeiros brotos de otimismo.

    Levantamento feito a partir de teleconferências com analistas de cem multinacionais com operações no Brasil registrou comentários positivos por parte dos executivos em 52% dos casos. Pesquisa similar no início de 2015 mostrava que, na época, apenas 22% das empresas viam boas oportunidades no país.

    Surgem agora demonstrações de confiança em uma possível retomada, registros de altas nas vendas, benefícios derivados da maior previsibilidade no câmbio e a esperança de que o fundo do poço está mais próximo.
    Companhias como Apple, Philip Morris, Coca-Cola e Shell são algumas das que apostam na melhora brasileira ou já notam sinais positivos (as vendas de iPhone cresceram ao menos 10% no segundo trimestre), segundo o levantamento que analisou empresas com receitas somadas de US$ 2,7 trilhões -maior que o PIB britânico, o quinto maior do mundo.

    "Ainda muito longe, como uma luz no fim do túnel, temos sinais de que a produção industrial pode melhorar. É a primeira vez em muito tempo que temos essa indicação no Brasil", diz Michael Barry, presidente da indústria química Quaker Chemical.

    A melhora também é sentida em alguns indicadores da economia, como a confiança da indústria e dos consumidores, que vêm melhorando, mas ainda estão em um patamar baixo. A previsão de analistas para a contração do PIB neste ano também perdeu força, mas ainda é de queda acentuada: 3,3%.

    IMPEACHMENT

    Os executivos de algumas empresas fizeram referência explícita à mudança de governo, com o afastamento de Dilma Rousseff e a entrada de Michel Temer. "Existe um impulso positivo no país com a transição do comando e com o retorno que recebemos de nossos clientes e revendedores", diz Ronald E. Armstrong, presidente da empresa de caminhões Paccar.

    Para Matthew J. White, diretor da multinacional de gases industriais Praxair, a situação política possibilitou melhoria nos mercados financeiros e no câmbio.

    Jim Herbert, presidente da empresa de segurança alimentar Neogen, que em abril comprou o laboratório Deoxi no Brasil, projeta crescimento de suas operações no país no próximo ano e ressalta que o real desvalorizado oferece oportunidades de aquisições baratas de empresas.

    "Acho que é um daqueles casos em que precisava haver um bode expiatório —e havia a presidente."

    AVIAÇÃO

    Embora ainda persistam fortes críticas ao mercado brasileiro, já começam a aparecer mensagens de alento entre as empresas de aviação, que têm sofrido contínuas quedas na demanda por passagens, principalmente nas viagens de negócios.

    O presidente da American Airlines, Scott Kirby, estima que ainda neste ano devem começar a aparecer resultados positivos.

    Glen Hauenstein, presidente da Delta, relata que as receitas obtidas na América Latina no segundo trimestre registraram queda. Mas o mês de junho trouxe os primeiros resultados positivos para a região em 26 meses.

    -

    O PERFIL DO LEVANTAMENTO

    100
    companhias analisadas

    62 pertencem à lista da revista "Forbes" com as 2.000 maiores empresas do mundo

    US$ 2,7 tri
    soma do faturamento delas no ano passado

    O valor supera o PIB do Reino Unido em 2015, o quinto maior do mundo. O do Brasil foi de US$ 1,5 trilhão

    64
    têm sede nos EUA

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